terça-feira, 30 de junho de 2009

CASAMENTO ABERTO



O modelo “casamento aberto”, por exemplo, é uma tentativa de mudar as regras sociais, e nem sempre é acompanhado pela capacidade de aceitar mudanças pelas pessoas. No consultório de psiquiatria vęem-se pessoas que năo se adaptaram ŕ troca de casais e, depois de alguma experięncia nesse sentido, entraram em falęncia emocional.


Parece que o ser humano aceita com muito mais facilidade emocional a troca de parceiros e, menos facilmente, a troca de casais. Entre o casal existe um sentimento que favorece mais a sensualidade sublime, notadamente por parte das mulheres. Entre parceiros sexuais existe mais a sexualidade erótica. Săo coisas diferentes.


A troca de casais năo existe no reino animal por uma questăo de definiçăo. Entende-se por casal uma uniăo duradoura e exclusiva, como o caso das araras ou das emas, por exemplo. E esses animais năo trocam de casais, definitivamente, chegando a morrer o outro, tăo logo um deles morra primeiro. Mas năo podemos falar em troca de casais entre bovinos, suínos, eqüinos, caprinos, etc, porque esses animais năo formam casais. No máximo eles se juntam em parceiros sexuais por tempo limitado, geralmente fugaz.


Portanto, por questăo de definiçăo, arriscamos a dizer que os seres humanos também năo trocam de casais com propósitos luxuriantes; trocam de parceiros. Isso quer dizer que, por questăo de definiçăo, enfatizo, quando se diz troca de casais entre humanos, deixou de existir o casal, dando lugar aos parceiros.


Deve ficar claro, entretanto, que a convivęncia entre parceiros năo tem, obrigatoriamente, nada de pejorativo. É uma opçăo conjugal para a qual a pessoa deve estar preparada. O que pode causar desconforto emocional é quando năo se definem claramente o que significam um para o outro: se casal ou parceiros.


segunda-feira, 29 de junho de 2009

Por que eles traem? Quatro homens respondem

Afinal, quem trai mais: o homem ou a mulher? Se a pergunta for feita a uma mulher, será natural ela responder que o sexo masculino é campeão no quesito. A verdade é que o desejo de trair aparece tanto em homens, quanto em mulheres, mas só quem passa pela situação sabe o quanto isso abala um relacionamento.

Para tentar descobrir o que se passa na cabeça deles, conversamos com quatro homens: o designer gráfico Felipe Martins, o estudante de engenharia Rodrigo Martire, ambos de 22 anos, o auditor João Carlos Oliveira, de 37 anos e o dentista Lúcio Costa, 29 anos.

Os quatro já traíram e admitem que a consciência pesou depois. "O mais difícil é você voltar para casa, encontrar sua mulher e ela ainda te tratar bem", conta João Carlos. Felipe Martins acha que a traição acontece pela vontade de se sentir desejado por outras mulheres. Em outras palavras: auto-afirmação.

A traição, segundo eles, ocorre por atração física. Mas eles revelaram que algumas coisinhas aumentam o desejo de "procurar algo fora de casa": a instabilidade no relacionamento, por exemplo. Se algo não vai bem, cuidado! Eles foram unânimes em destacar que brigas, conflitos e o próprio sentimento pela namorada ou esposa pesam na decisão de trair. Mas também há os fatores que pesam (e muito!): pressão dos amigos e a outra mulher dar muito mole.

Para Rodrigo Martire, os amigos influenciam porque persistem e zoam de quem não trai. "Eles falam tanto que acabam convencendo...", afirma. Você acha que isso é um bom argumento?

Ana Paula Lima/Já traiu?
Felipe Martins: Traí há muito tempo, quando eu não dava muito valor a um relacionamento, mas não traio mais porque amadureci. Também fui traído e aprendi com isso.
João Carlos Oliveira: Já traí muito.
Rodrigo: Já traí e não gostei porque depois eu vi que gostava da minha namorada.
Lúcio: Todo mundo já traiu pelo menos uma vez na vida.

Por que os homens traem?
Felipe: Acho que para satisfazer o ego, a vontade de querer de sentir desejado.
João Carlos: O relacionamento tem que estar 100% perfeito para que não haja a vontade, só que brigas, desentendimentos e cobranças fazem parte de qualquer casamento ou namoro.
Rodrigo: Eu, pelo menos, traí porque estava no começo do namoro e não sabia se estava gostando da minha namorada de verdade.
Lúcio: Acho que a traição acontece quando o namoro ou o casamento não está bem.

A traição ocorre por envolvimento ou por atração física?
Felipe: Por atração física. O homem quer ver que, além da namorada, há outras mulheres atrás dele.
João Carlos: Geralmente por atração.
Rodrigo: Por atração física. Para os homens, se a mulher for bonita e ainda der bola...
Lúcio: Acho que por um conjunto de fatores: atração física, o relacionamento não estar legal, etc. Atração física pode ser suficiente para uma traição, mas se a garota tiver algo a mais, claro que pesa mais na decisão.

Ana Paula Lima/ Redação Terra

domingo, 28 de junho de 2009

relacionamentos extra-conjugais

Há infidelidade e infidelidades. Nem todos os relacionamentos extraconjugais são iguais. De acordo com o escritor norte-americano Frank Pittman, autor de Mentiras Privadas, existem três tipos básicos de infidelidade: a acidental, a romântica e a crônica. A maioria dos primeiros relacionamentos extraconjugais é de casos de infidelidade acidental, não premeditados, que realmente "acontecem".

Você bebe um drinque a mais, teve um dia ruim, se deixa levar. Pode acontecer para qualquer um, apesar de algumas pessoas serem mais propensas a cair do que outras, e alguns lugares serem conhecidos como "zonas de alto risco".

Tanto os homens quanto as mulheres podem escorregar e ter um caso acidental, contudo, os mais propensos, os quais correm maiores riscos, são os que bebem, os que viajam, os que não estão bem casados e aqueles que têm muitos amigos que "saem por aí".

Acidentes acontecem, mas por quê? As causas são as mais diversas. Entretanto, para muitos, a curiosidade pode ser a mola propulsora. Tanto os não vividos sexualmente quanto os vividos - aqueles que já tiveram muita experiência - podem achar que não foi em quantidade suficiente ou do tipo desejado. E, ocasionalmente, se deixar levar.

Alguns daqueles que raramente traem são homens e mulheres que tentaram, na adolescência, dominar o jogo da sedução, mas não conseguiram. O mundo onde viviam não os achou suficientemente desejáveis e os deixou de lado. Com o passar do tempo, descobriram que não conseguiram levar ou ser levados para a cama por essa ou aquela pessoa, mas, de qualquer modo, conseguiram casar.

Mais tarde, se alguém se aproximar e demonstrar um interesse maior, podem perder a cabeça. Lembram-se do passado, quando ofereceram ao mundo sua sexualidade e ninguém quis. E tentam compensar.

Por outro lado, as pessoas que se sentem bonitas se acostumam com a lei da oferta e da procura e acabam aprendendo a aceitar e recusar. Já aqueles que não são ou não se sentem atraentes podem eventualmente se transformar em "mendigos sexuais" e aceitar qualquer proposta ("Hoje é o dia em que eu tirei a sorte grande. É agora ou nunca."). Para eles, a escolha é mais difícil.

As pessoas que traem ocasionalmente têm um casamento às vezes frustrante, às vezes tumultuado, como todos os casamentos. Mas, não a ponto de lavá-las a pensar seriamente em se separar. O parceiro que trai ocasionalmente não espera continuar a trair e muito menos se apaixonar.

Às vezes a traição esporádica ocorre com uma pessoa desconhecida. Outras vezes, não. No caso do homem, pode ser com uma mulher que era sua amiga antes de irem para a cama. Mas, depois que acontece, ele assume uma atitude protetora, ou fica constrangida, ou com raiva.

O sexo os aproximou demais, o que pode levar a uma sensação de pânico por ter se criado um vínculo inextrincável, um segredo grande demais para ficar contido. Apesar de, na hora, ter ocorrido uma atração muito intensa entre os dois parceiros, o que aconteceu é percebido como uma situação de alto risco, um perigo, e não como amor.

Quando isso ocorre, no caso do homem, ele pode decidir que a infidelidade foi um ato impensado, confessá-la ou não, e tomar mais cuidado no futuro. Ou, ao contrário, constatar que o raio não o matou, achar que a infidelidade é um passatempo maravilhoso e continuar a praticá-la.

Ou ainda colocar a culpa na sua mulher, voltar para casa e destruir seu casamento. Dessa maneira, conclui que isso não teria acontecido se estivesse bem casado, decide que o que ocorreu era inevitável e se declara perdidamente apaixonado pela outra.

INFIDELIDADE ROMÂNTICA

Apaixonar-se é a forma mais louca de infidelidade. É uma espécie de insanidade temporária. Isso acontece, em geral, não quando se encontra uma pessoa maravilhosa, mas quando se está atravessando uma crise na própria vida, não se sabe o que fazer e "ainda não se está pronto para acabar com tudo".

Nessas horas, se envolver com uma pessoa décadas mais jovens ou mais velha, alguém muito dependente ou dominante, com problemas ainda maiores que os nossos, é tão imensamente estimulante como tomar uma droga.

Mas por que as pessoas perdem a cabeça e querem largar tudo, pelo menos durante algum tempo? Todos os casamentos são imperfeitos e nos desapontam de uma maneira ou de outra. Isso é parte da vida. Entretanto, existem casamentos que não conseguem criar um mínimo de intimidade, sexo, prazer, nem muito menos companheirismo.

Casamentos em que as pessoas não conseguem entrar de vez nem sair de vez. Que não morrem e não se recuperam. Por exemplo, existem mulheres casadas com homens que se satisfazem com 23 minutos de contato por semana e não estão interessados em nada além disso. Essas mulheres ficam extremamente vulneráveis. Junta-se privação e desejo; a fome com a vontade de comer.

Outros estão em casamentos tempestuosos, difíceis de manter e procuram um ancoradouro emocional. Homens e mulheres infelizes no seu casamento podem ter uma relação fora que os ajude a "varar as noites". Esse tipo de "infidelidade salvadora" tem a finalidade de diminuir as pressões sobre um casamento truncado. As escapadas permitem ficar num relacionamento que, caso contrário, desmoronaria.

Uma terceira pessoa (o "outro", a "outra") pode destruir uma boa relação, mas também pode ajudar a estabilizar um casamento que vai mal. Um caso de infidelidade não é a maneira mais construtiva de esfriar as tensões entre um homem e uma mulher, é apenas a mais fácil: uma solução band-aid. Mas, como a maior parte das soluções fáceis na vida, não resolve os verdadeiros problemas que causam as tensões. Só eliminam os sintomas, e não os males que o provocaram.

FUGINDO DA REALIDADE

Amantes se dividem em dois grupos: os que amam os parceiros e os que amam o amor. Os que amam seus parceiros podem formar um vínculo; os que amam o amor, não. Esses são os verdadeiros românticos. Românticos não toleram muito bem pessoas reais, ou seja, quanto menos real for a situação, melhor. Eles costumam dividir o mundo ao meio: as pessoas por quem estão apaixonados (ou podem vir a se apaixonar) e as demais. Em geral, não gostam muito das demais.

Os românticos também podem ser divididos em dois grupos. Os suaves, ou parciais, e os intensos, ou totais. Os primeiros podem não reclamar da vida. Estão casados, mas têm a vaga sensação de que alguma coisa está faltando. Sentem-se razoavelmente felizes. E utilizam casos românticos como um remédio caseiro contra a depressão. Já os românticos totais mergulham em intensos casos de amor e transformam o casamento em uma prisão da qual sentem a necessidade de escapar.

Ambos os tipos normalmente entram nesses affairs numa época difícil da vida: quando os filhos crescem, quando os pais morrem, depois de uma doença grave, quando inesperadamente são promovidos ou perdem seus empregos. Enfim, em qualquer situação em que se tenha de encarar a realidade e amadurecer. Você precisa perceber quanto capital emocional está sendo depositado no banco conjugal e quanto está sendo depositado fora.

Parceiros de infidelidade romântica são pessoas que não testam a realidade e também não se preocupam em compreendê-la melhor. Isso significa que, para que haja uma série de romances, de envolvimentos temporários nas nossas vidas, é necessário que haja também uma série de relacionamentos fracassados. Casos românticos levam a muitos divórcios, cenas de horror, ataques do coração, mas não a muitos casamentos felizes.

Paixão e romance têm muito pouco a ver com amor. O romance, por natureza, nunca dura muito tempo. Quanto mais intenso o calor da chama, maiores as chances de a mariposa se queimar na lâmpada; quanto mais arriscada a busca da felicidade instantânea, maiores as chances de um rápido desencantamento.

INFIDELIDADE CRÔNICA

Existe ainda outro tipo de infidelidade: a constante ou crônica. Isso significa pular de uma cama para outra. Na sociedade, essa é uma atividade considerada tipicamente masculina. Homens cronicamente infiéis estão interessados basicamente em afirmar sua masculinidade e, para isso, praticam sexo compulsivamente. Sentem-se no direito de se apaixonar ao sabor do acaso ("Afinal, isso é tudo o que vale a pena na vida").

Mulheres também podem ser continuamente infiéis. Quando isso acontece, ambos caem na agenda dos neuróticos: obter tanto prazer sexual quanto possível, no menor espaço possível. Como a obsessão pelo sexo é sua única razão de viver, praticamente não existem limites para o que fazem em busca desse prazer.

A infidelidade crônica é característica do homem normalmente definido como conquistador. O fato de ser casado não o impede de "partir para o ataque" sem nenhuma inibição sempre que tem uma chance. Para ele, o que interessa é "comer todas e beber todas", sem praticamente se importar com as conseqüências.

Conquistadores inveterados, sentem-se desconfortáveis em qualquer situação na qual não estejam exibindo ou exercitando sua masculinidade. Dessa perspectiva, um homem que não está conquistando nenhuma mulher está perdendo. Colecionar parceiras é para eles uma forma de provar que são homens.

No fundo, essa necessidade constante de um enorme elenco sexual de apoio os impede de se comprometer, pois os conquistadores não amam de fato. Eles gostam das mulheres como as "raposas gostam das galinhas"; ligam-se no corpo, no de fora, mas ignoram o que está por dentro.

Homens com tais características podem ser envolventes, encantadores, mas nunca estabelecem um relacionamento muito pessoal. Sempre mantêm uma cautelosa distância quando se trata de sentimentos.

Podem até ter raiva das mulheres, tratando-as com crueldade e usando a sedução como arma para controlá-las. Com freqüência, procuram despersonalizá-las, lidando com elas como se fossem trocáveis, descartáveis. Estão convencidos de que as adoram, mas, em vez de amá-las, na verdade apenas se consomem com regularidade.

O conquistador insaciável finge que está sempre procurando uma mulher melhor do que a esposa (e assim justifica sua busca permanente), mas no fundo não quer encontrá-la, porque não pretende se divorciar e encarar todas as despesas e amolações que acompanham a separação.

Considera-se um homem de sorte: teve todas as mulheres que quis na vida, nunca se comprometeu, nunca precisou ver nenhuma delas de novo e é invejado por todos os outros homens nos lugares que freqüenta. Para ele, só há um erro imperdoável, um pecado mortal em sua carreira de conquista: ser apanhado em flagrante.

Por outro lado, há mulheres que tentam a carreira de conquistadoras só para descobrir que fracassam quando se apaixonam. Acredita-se que as mulheres não conseguem transar de forma tão impessoal quanto os homens. Muitas das mulheres que têm encontros casuais estão usando sua sexualidade em busca de momentos mágicos ou de alguém para amar.

Outras são conquistadoras de fato, caçadoras, e usam sua sexualidade, sua capacidade de sedução, para exercer poder sobre os homens. Essas mulheres saem todas as noites em busca de novos parceiros de cama ou de vida. Algumas acabam tornando-se tão cínicas quanto os homens e deixam de acreditar no amor, enquanto as demais continuam buscando a vara de condão - o amor através do sexo.

Homens e mulheres caçadores muitas vezes tiveram um pai também caçador, que eles idealizaram. Por isso consideram suas conquistas perfeitamente normais e acreditam que estão sendo invejados e admirados. Imaginam ainda que todos agem como eles (ou, pelo menos, gostariam de agir). No fundo, são pessoas que ficaram presas nessa armadilha da adolescência.

Com o passar dos anos, muitas vezes o jogo da conquista vira o objetivo do conquistador. Depois que o outro diz sim, a caçada perde o interesse, a relação nem precisa se consumar. O simples fato de ter seduzido, ou de ter feito o outro se interessar mais do que está interessado, já o satisfaz. Com isso, coloca um rótulo de "comida" ou "conquistada" e pronto. Agora essa pessoa já pode ser arquivada.

Os conquistadores, em geral, se consideram absolutamente irresistível. Existe, porém, algo em comum entre os homens desse tipo: a inesgotável capacidade de tornar suas mulheres infelizes.

sábado, 27 de junho de 2009

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Casamentos problemáticos afectam mais a saúde da mulher


Casamentos problemáticos afectam mais a saúde da mulher
Um estudo indica que mulheres com casamentos problemáticos têm mais hipóteses de sofrer de problemas de saúde como obesidade, hipertensão e colesterol elevado.
A investigação, da Universidade de Utah (EUA), mostra ainda que os homens são menos afectados por esses sintomas, embora tenham os mesmos riscos de sofrer de stress e depressão.

Segundo os cientistas, a diferença entre os géneros deve-se ao facto de que, nas mulheres, o stress e a depressão suscitam problemas de metabolismo, enquanto no homem isso não ocorre.

O professor de psicologia Tim Smith, co-autor do estudo, disse que os efeitos de um mau casamento nas mulheres podem ser comparados aos de uma vida sedentária, em termos de elevação de riscos da síndrome metabólica.

Os investigadores entrevistaram 276 casais, com idades entre 40 e 70 anos, e que estavam casados há uma média de 20 anos. E partiram do «princípio de que os indivíduos que disseram ter mais discussões durante o casamento estariam mais sujeitos à depressão e, por consequência, a doenças cardíacas», disse a investigadora Nancy Henry. «Mas o que descobrimos é que isso era verdade para as mulheres e não para os maridos».

«Estudos anteriores já tinham mostrado que as mulheres são mais sensíveis aos problemas no relacionamento do que os homens. A diferença é que agora vemos que esses problemas podem prejudicar a saúde delas», afirmou Henry. No entanto, Tim Smith lembra que ainda é cedo para dizer que algumas mulheres estariam melhor se deixassem os seus maridos, porque o divórcio também aumenta os riscos de doenças cardíacas.

O professor de psicologia aconselhou a prestar-se atenção «não só prestar aos factores tradicionais que influenciam a saúde do coração (como a hipertensão e o colesterol), como também à qualidade da nossa vida familiar e emocional». Os problemas cardíacos são a primeira causa de morte tanto entre homens quanto em mulheres.

O estudo é apresentado no encontro anual da Sociedade Psicossomática Americana, que começou esta quinta-feira, em Chicago.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

frases sobre amantes


Ah! os amantes...a invenção mais prática e deliciosa já inventada pelo homem, para uso e satisfação da mulher!!!

"O que é um amante? Um instrumento no qual nos esfregamos para ter prazer." (Stendhal)

"É mais fácil ser-se amante que marido, pela simples razão de que é mais difícil ter espírito todos os dias do que dizer coisas bonitas de quando em quando." (Honoré de Balzac)

"Maridos são bons amantes principalmente quando estão traindo as esposas." (Marilyn Monroe)

"Conserva-se por muito tempo o primeiro amante, quando não se toma um segundo." (François de La Rochefoucauld)

"Uma amante pode ser tão incômoda quanto uma esposa, quando se tem apenas uma." (George Gordon Byron)

"As amantes pensam que nunca serão abandonadas. E, no entanto, foram feitas para isso." (Mário da Silva Brito)

"Um amante revela a qualquer mulher tudo quanto o marido lhe oculta."(Honoré de Balzac)

"Nunca um amante, por eloquente que seja, crê ter dito o bastante no interesse do seu amor." (Plutarco)

"O amante é um arauto que proclama onde existe o mérito, o espírito ou a beleza de uma mulher. Que proclama um marido?" (Honoré de Balzac)

"A amante que chora o amante que teve, na presença do amante que se lhe oferece, quer persuadir o segundo que é arrastada ao crime pela ingratidão do primeiro." (Camilo Castelo Branco)

"Para um amante, acabaram-se os amigos." (Stendhal)

"Um homem poderia ser o melhor amante de sua mulher - se fosse casado com outra." (Elinor Glyn)

"Mau, com efeito, é o amante vulgar que prefere o corpo ao espírito, pois o seu amor não é duradouro por não se dirigir a um objeto que perdure. A flor do corpo que ama vem um dia a murchar – e então ele ‘se retira ligeiro como as asas’ esquecendo-se das declarações e muitas juras que fez." (Platão)

"É terrível dizer, mas, no fundo, o não está querendo saber 'quem é' em realidade seu parceiro. Estouvado em seu egoísmo, ele se contenta de saber que o outro lhe faz um bem incompreensível... Os amantes permanecem um para o outro, em última análise, um mistério." (Lou Andreas-Salomé)

"Quando o amante está distante, mais quente se faz o desejo; o hábito deixa o amado fastidioso." (Propércio)

"Até agora, nunca tinha amado as suas amantes; havia algo nele que o levava a tomá-las demasiado depressa para ter tempo de criar a aura, a zona necessária de mistério e desejo que lhe permitisse organizar mentalmente aquilo que poderia um dia chamar-se amor." (Julio Cortázar)

"O que faz com que os amantes nunca se entediem de estar juntos é o falar sempre de si próprios." (François de La Rochefoucauld)

"A vida comum de amantes sob o mesmo teto, torna demasiado familiar a convivência entre ambos e, com o perpassar do tempo, transforma-se em rotina. A intimidade cotidiana termina por converter a atração sexual em amizade e companheirismo." (B. Calheiros Bomfim)

"O segredo das esposas que se querem fazer amar é de aparecerem sempre amantes." (Medeiros e Albuquerque)

"Uma mulher que fuja com o amante não abandona o marido, livra-o de uma mulher infiel." (Sacha Guitry)

"Os velhos amantes que recordam a fúlgida mocidade, não podem fitar-se sem rir ou sem chorar." (Publílio Siro)

"A cólera dos amantes é como as tempestades de Verão, que só servem para deixar mais verdes os campos." (Suzanne Necker)

"Claro que meu amante pode confiar em mim. Eu disse a ele que centenas já confiaram." (Mae West)

"Os amantes apenas vêem os defeitos das amadas quando o seu encantamento acaba." (François de La Rochefoucauld)

"A lua-de-mel é mais longa para os amantes que para os casados."(Gustave Flaubert)

"Arrufos de amantes, renovação do amor." (Terêncio)
tags: São

terça-feira, 23 de junho de 2009

linguagem na net

Aprenda os códigos da linguagem virtual e entenda melhor seu filho

Dicionário virtual
Conheça algumas das formas de comunicação mais utilizadas pelos adolescentes


naum = não
s = sim
fds = fim de semana
ctz = com certeza
:-)))) = muito engraçado
:-0 = estou chocada
m**m = tem alguém espiando
tc = teclar
X-) = estou com vergonha
pq = porque
(:-( = estou muito triste
gnt = gente
Tb = também
to lgd = tô ligado
d+ = demais
:-X = beijo pra você
:-P = mostrar a língua
eh = é

segunda-feira, 22 de junho de 2009

15 atitudes que indicam que vc está sendo traida


15 atitudes que podem indicar que você está sendo traída:
1) O parceiro começa a dizer que precisa de um espaço só dele, sendo que antes o casal fazia tudo junto
2) Começam as reuniões com os amigos, onde a presença do outro é totalmente dispensável e imprópria
3) Ele está mais interessado em comprar roupas novas ou há momentos em que sai de casa mais arrumado para fazer ações banais, como "tomar um ar"
4) Seu parceiro há algum tempo começou a trabalhar até tarde e a ter reuniões noGetty Images

Mudanças de comportamento são os primeiros sinais de que uma relação não está harmoniosa final de semana, mesmo sem mudança aparente no emprego
5) Ele tem se irritado ou fica estressado com facilidade
6) Mudança no comportamento: ele está mais amável do que o normal ou então você percebe que muitas vezes tem ficado como segundo plano
7) Sempre que está ao seu lado e o celular dele toca ele fica sobressaltado ou quer ficar sozinho para atendê-lo
8) Quando você telefona dificilmente consegue falar com ele
9) O apetite sexual dele mudou. O tempo todo está ocupado ou cansado demais para você ou então de uma hora para outra quer fazer sexo a todo instante com medo de que você perceba que ele tem outra
10) Ele começa a chegar sempre atrasado em compromissos
11) Ele tem crises excessivas de ciúmes
12) Quando chegam as contas, ele trata de pegá-las rapidinho para esconder gastos com telefonemas pelo celular ou com cartões de crédito em restaurantes, motéis, presentes para a amante
13) Ele critica outros infiéis
14) Ele se incomoda de ver você muito quieta, com medo que você desconfie da traição
15) Ele começa a achar tudo caro e costuma dizer com freqüência que vocês precisam fazer passeios mais baratos para economizar dinheiro

domingo, 21 de junho de 2009

viver melhor com pouco


Aprenda a viver melhor com menos
Hora de trocar o supérfluo pelo que é essencial. A agenda planetária já apitou que produção e consumo têm limite. E a economia mundial reafirmou a necessidade de respeitá-lo. Portanto, aperte os cintos e assuma o comando. O piloto é você


Imagine como seria conviver mais com a família e os amigos e ainda ter tempo para se dedicar às atividades prediletas. Não, não se trata de férias, mas de uma nova rotina. E o que seria preciso para colocá-la em prática? Mudança de foco: deixar de pautar as escolhas pelo poder de compra e priorizar a qualidade de vida. Ou seja, parar de correr atrás do supérfluo e dar mais atenção ao que é realmente necessário.

A tônica aqui é a simplicidade, a redescoberta de prazeres frugais, como receber os amigos e cozinhar para eles em vez de comprar tudo pronto ou sair para jantar. Difícil? Talvez, mas bastante compensador.

Para a terapeuta e professora de filosofia da PUC SP Dulce Critelli, a sociedade atual vive uma intensa mercantilização, já que todos os aspectos se resolvem pelo ato de consumir algo. “A gente não se dá conta, mas o consumo acaba sendo nosso motor de vida. Sem tempo para ficar com os filhos, compramos um brinquedo para eles. Se estamos tristes, vamos ao shopping. O consumo não é ruim, sem ele é impossível viver. O problema é agir em função disso, criando uma dependência dos signos externos”, explica.

sábado, 20 de junho de 2009

lesbianismo e feminismo


Feminismo e lesbianismo : quais os desafios? *



tania navarro swain


Resumo:

Se voltarmos o olhar, hoje, para os caminhos plurais do feminismo detectamos movimentos de cruzamento, de oposição ou de imbricação com o lesbianismo. Classificadas como radicais, separatistas, recusando os homens e a dominação masculina, as lesbianas sempre atemorizaram as feministas, num medo despertado pelas imagens forjadas no cadinho dos enunciados do senso comum. O questionamento do sexo biológico e das práticas sexuais poderia, entretanto, ser um terreno comum entre o feminismo e o lesbianismo na medida em que a cartografia identitária não recupera senão traços, sobre a areia movediça de uma identidade disseminada, múltipla e nômade. Como se chega a tais reflexões?Este é o tema deste artigo.



Palavras-chave: lesbianismo, feminismo, identidade, práticas sexuais





O que é uma lesbiana? E o que é o feminismo? Em que solo florescem as definições , quais são as redes de poder que compõem as noções de feminismo , de mulher e de identidade sexual?

O feminismo contemporâneo desabrocha no meio do século XX no Ocidente como uma corrente poderosa que regrupa análises e movimentos sociais em torno da denúncia da opressão do patriarcado, ponto estratégico comum à todas as mulheres para romper um quadro multisecular de dominação. Com efeito, como nota de Lauretis, o feminismo começa quando os textos feministas, escritos por mulheres aparecem ao mesmo tempo em que os movimentos sociais de consciência feminista.( de Lauretis, 1990: 138) Mas este feminismo unitário, universalista cede, aos poucos, lugar aos "feminismos"que tentam responder às especificidades e às variáveis que compõem a experiência das mulheres no social.

Esta nova face do feminismo, a pluralidade, estimulou o refinamento das análises teóricas que desconstróem os moldes unívocos, dos quais, entre outros, a coerência da identidade marcada pela homologia entre o sexo biológioco e o gênero social.

Como OS feminismos, desenvolvem-se teoriaS feministaS cujos debates e contradições são a demonstração de seu dinamismo; um trabalho de meta-crítica se interroga sobre as categorias de análise utilisadas nos discursos feministas e desvela os fundamentos de uma reflexão fortemente marcada pelo binarismo da representação que apreende o mundo. As múltiplas dimensões da constituição do sujeito e do social aí são evocadas: a linguagem , o inconsciente, o gênero, o processo de subjetivação, os sistemas simbólicos, as constelações de sentido, a memória interdiscursiva, a produção do imaginário, a pesada materialidade das práticas e da experiência sexuada.

Para chegar a este ponto, as teorias feministas se debruçaram sobre suas condições de inserção no discurso social, sobre o quadro de pensamento e de representações sociais que limitam o alcance de seu olhar. Esta tarefa se insere em uma das proposições mais fecundas de Foucualt ( Foucault,1971:53) : a inversão das evidências, em busca da vontade de verdade que as sustentam, das redes de poder estabelecidas na ordem da verdade.

O aprofundamento do debate conduziu assim à recusa dos moldes identitários unívocos que definem os limites dos gêneros: além do gênero e da diferença sexual, o sexo e a sexualidade são deslocados de sua confortável situação de "evidência natural".

Para de Lauretis, a teoria crítica feminista vê a luz quando

"[...] torna-se consciente de si mesma e busca as raízes desta consciência, bem como de uma cumplicidade possível com as ideologias, seus fins e pressupostosl fundamentais, suas formas heterogêneas de escrita e interpretação, as práticas que são suas e das quais emerge." ( de Lauretis, 1990 :138)

O questionamento do sexo biológico e das práticas sexuais poderia ser um terreno comum entre o feminismo e o lesbianismo na medida em que a cartografia identitária não recupera senào traços sobre a areia movediça de uma identidade disseminada, múltipla e nômade.

Como se chega a tais reflexões?

Se voltarmos o olhar, hoje, para os caminhos plurais do feminismo detectamos movimentos de cruzamento, de oposição ou de imbricação com o lesbianismo. Classificadas como radicais, separatistas, recusando os homens, e a dominação masculina, as lesbianas sempre atemorizaram as feministas, num mêdo despertado pelas imagens forjadas no cadinho dos enunciados do senso comum, cuja repetição criava a realidade: machonas, viragos, feiosas, mal amadas. Rebotalho da natureza, desprezadas ou detestadas pelos homens, mesmo Simone de Beauvoir via as lesbianas como seres inacabados ou irrealizados. Enquanto feminista, como se aproximar ou trabalhar em conjunto como estes seres marcados, sem se contaminar, sem partilhar as nódoas e os insultos contra "aberrações da natureza", "imitações de macho"?

A história dos movimentos das mulheres mostra, entretanto, a presença constante das lesbianas nas práticas políticas de reivindicação tanto quanto nas reflexões teóricas. No calor dos anos 70, viu-se mesmo algumas feministas heterossexuais quase se desculpar da escolha de seu companheiro, diante da avalanche de análises que demonstravam a violência implícita ou explícita da dominação, da apropriação dos corpos e da exploração sexual das mulheres em um mundo patriarcal. (de Lesseps, 1980 : 55). Como, enquanto feministas, não se sentir cúmplice em uma relação mulher/homem?

As lesbianas reivindicavam então a construção de uma outra realidade social com a evacuação do poder e da presença masculina: foram criadas assim comunidades lésbicas nos Estados Unidos e Canadá, principalmente . (Taylor and Rupp, 1993 : 43/44) A "lésbica política" apareceu à época, figura cujos desejos sexuais não se voltavam necessariamente para outras mulheres, mas que se engajavam em uma luta sem tréguas e sem cumplicidade. (Ti Grace Atkinson, 1975 :155) Definição metafórica ou não, para o lesbianismo engajado a sexualidade estava no centro da resistência e as lesbianas eram, antes de mais nada, mulheres.

Mas neste caminhar, passou-se da identificação da mulher-objeto-apropriação às estratégias da afirmação da diferença e do igualitarismo cujos objetivos eram, por um lado, a criação de uma "cultura feminina" e por outro, o fim da hierarquia social fundada sobre o sexo. A noção de "gênero aparece igualmente para desmascarar a construção social dos papéis feminino/ masculino e enriquece assim a produção acadêmica em todos os domínios das ciências sociais e humanas; a teoria e a prática se imbricam pois a categoria "gênero" enquanto instrumento analítico do social passa a sustentar as práticas políticas dos movimentos das mulheres. Desfaz um primeiro estágio da construção social do feminino/masculino, isto é, apaga a noção de essência, do fundamento intrínseco que supostamente sustentaria a representação de mulheres e homens , designando-lhes papéis sociais segundo sua "natureza".

Pode-se aí, entretanto, detectar uma espécie de domesticação epistemológica, na medida em que o "gênero"opera na "casa do senhor", como sublinha de Lauretis. (de Lauretis, 1987 :2).Seu aspecto relacional obscurece a economia hierárquica e assimétrica da construção dos gêneros; é igualmente operacional no quadro instituído das representações binárias da sociedade e assim naturaliza o que é igualmente uma construção social. Seu alcance subversivo fica portanto limitado e isto explica o sucesso dos "Women Studies" nos países anglófonos ou dos "Estudos de Gênero"na América Latina. O perigo de turvar a ordem do discurso e sobretudo, a ordem das representações sociais é dirimido pois a divisão polarizada da sociedade não é posta em questão. Eis aí uma evidência que permanece sem o menor arranhão.

Os problemas de definição e de identidade recortam a trajetória e a utilização da categoria "gênero": o que é finalmente a mulher? O que é o feminino? Como pensar a diversidada da experiência vivida das mulheres em contextos culturais e espaço/ temporais diversos? Como pensar a resistência nas estratégias desenvolvidadas contra a opressão em todas suas formas quando se considera a construção social homogênea dos papéis sexuais? Como encarar a diferença entre as mulheres? Estas questões que aparecem nos textos teóricos atuais referem-se à crítica da categoria "gênero" e apelam à uma ultrapassagem de seus limites: neste sentido, as lésbicas, as negras americanas, as mulheres originárias dos países colonizados denunciam uma nova representação hegemônica sob a imagem da mulher branca, rica, heterossexual e abrem assim caminho ao múltiplo.

A raça, a classe, a opção sexual, o formato físico, todas estas variáveis se impões e determinam uma inflexão na crítica teórica feminista, instalando a diversidade de imagens e de experiências das "mulheres" após ter desconstruído o mito da natureza "da mulher". Butler sublinha que "as mulheres", no plural não é mais um significante estável que ancora o que deve descrever ou representar; ao contrário, "[...] tornou-se um termo perturbador, um local de contestação, uma causa de ansiedade." (Butler,1990:3) A idéia de um feminismo singular, dotado de estratégias e de discursos unificados se dilui assim face ao múltiplo.

A crítica teórica feminista explora assim suas próprias categorias de análise, tais como o gênero e a diferença sexual, o que lhe permite encadear com a descontrução dos fundamentos epistemológicos, dos pressupostos que modelam os instrumentos, as formas, as imagens e as representações das quais dispo~em os feminismos para a análise do social.

O eccentric subject proposto por Teresa de Lauretis (de Lauretis, 1990, 116) seria o novo sujeito do feminismo, aquele que analisa sua determinação histórica e social, a especificidade de sua deixis discursiva - seu lugar de fala - para desembocar na crítica de seu próprio pensamento. Os discursos feministas iniciam assim um movimento contínuo e voluntário de desalojamento, de desidentificação que leva em consideração seu quadro epistemológico e sua inserção social, para melhor ultrapassá-los. O eccentric subject cria , desta forma, o solo sobre o qual se apoia e desabrocha. Assim, as teorias feministas se demarcam no pensamento contemporâneo não somente pela atenção que concedem às condições de exterioridade, mas igualmente à suas contradições internas num continuum de crítica/autocrítica.

O pós-modernismo, que denuncia as verdades essenciais, os discursos do "natural", a existência de um sujeito estável e coerente como artifiícios do poder, encontra-se na démarche feminista que recusa a idéia de uma "verdade do sexo", expressa por uma prática sexual diretamente ligada ao sexo biológico. . (Flax, 1987:624) Pois, como sublinha Foucault, "[...] a verdade está ligada de modo circular aos efeitos de poder que cria e que a reproduzem." (Foucault, 1988 :14) É o caso da identificação presumida do gênero/sexo como um fato de natureza unívoca, do qual a heterossexualidade é a marca da norma instituída socialmente.

Assim, a identidade não aparece mais como um dado, mas como um processo que constrói uma forma e faz sentido no interior de um regime de verdade singular: na visão do múltiplo, os lugares designados ao centro/periferia ou hegemonia/marginalidade são desta forma , questionados .

Quando a crítica feminista se prende à evidência do sexo biológico, interroga o regime de verdade que construiu sua significação na dualidade natureza/cultura; contribui assim a evocar as vozes abafadas pelos silêncios impostos na superfício do discurso social. A hora soou, sem dúvida, para que os movimentos feministas reflitam sobre o binário que orientou e modelou suas práticas enquanto mulheres e sujeitos do desejo , cujo comportamento sexual será o desafio.


A domesticação das práticas sexuais.


Uma das perspectivas teóricas do feminismo parte do pressuposto que o assujeitamento do sujeito se exprime e se constitui na economia da linguagem e das representações sociais nas quais é formado : a construção do mundo se faz ao mesmo tempo em que se desenvolve a análise da realidade. É assim que em certas perspectivas feministas, a utilização da categoria "gênero" não faz senão afirmar e perpetuar a realidade que criticam pois tudo se passa em um quadro binário de pensamento; o desvelamento da construção social das relações assimétricas que possibilita trabalha assim nosentido de reforçar a estrutura polarizada da sociedade.

Se de um lado a opressão de gênero é desmascarada enquanto construção social, de outro permance sujeita à divisão maniqueísta do social e de suas representações: sexo/gênero, mulher/homem, bem/mal, natureza/cultura, verdade/mentira, etc. Onde se emcontra o múltiplo? Como , neste esquema, analisar as inúmeras combinações de sexoe gênero que nos oferece a etnologia? ( Strathern, 1998)

Tal como os físicos que incorporam à suas proposições os Princípios de Incerteza e de Indeterminação, as analistas feministas não hesitam em considerar as contradições que quebram as visões unificadas do feminismo mesmo se isto representa desafios epistemológicos por ocasião das rupturas na ordem do discurso "falogocentrico". Foucault já alertava que "[...] o saber não foi feito para compreender, mas para cortar."( Foucault, 1988,14)

Com efeito, evitar os riscos é se aninhar no conforto dos modelos fixos, das exigências de um certo racionalismo. As visões homogêneas da realidade social obscurecem o plural das práticas sexuais que rondam no sopro do contra imaginário social, no cadinho das representações marginais que só esperam as condições de possibilidade simbólicas para obter um lugar.

As representações hegemonicas esteiam sua posição de poder e sua legitimidade sobre sábios discursos que escondem , de fato, os fundamentos externos de seu poder sobre a realidade. Este é o caso da naturalisação do binário heterossexual. Os paradigmas de gênero e a heterossexualidade fazem parte da homogeinização da realidade social e do caráter de evidência que emcobre a erotisação obrigatória do sexo biológico generizado. Mesmo neste início de milênio, questionar a heterossexualidade é problemático: em vista da diferença física dos caracteres sexuais entre fêmea e macho e da força das representações sociais que exigem a correspondência exata gênero/sexo, a multiplicidade do desejo é obscurecida e sobretudo domesticada.

Mas porque os grupos humanos estariam repartidos segundo uma convergência genital? Ou ainda, porque o exercício de uma certa sexualidade derfiniria a identidade, o ser do indivíduo?

Há, em todo caso, uma infinidade de variáveis que povoam os discursos e o imaginário social em torno de uma prática intensa da sexualidade que prolifera, segundo Foucault, pela ação de um "dispositivo da sexualidade":

"[...] conjunto heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas". ( Foucault,1988:244)

Uma sexualidade polimorfa é assim criadas por este dispositivos e fixado sobre os corpos disciplinados pela norma, modelados por um desejo sexual que os constitui enquanto indivíduos e lhes designa uma identidade.

Mas seria a natureza do biológico que assim decide ou o sistema de pensamento que imporia suas representações ao mundo como sendo sua realidade? Não seria o regime de verdade e a vontade de poder que erigiriam os valores em evidências, como sublinha Foucault? ( Foucault, 1988 :13) Não seria a imbricação do mundo colocado em discurso e das práticas sociais sustentadas por uma memória discursiva/ imaginada/representada socialmente que definiria os eixos em torno dos quais se tecem as relações sociais e as distribuições de poderes?

A ênfase dada ao aspecto anatômico, fixador dos gêneros, faz economia dos valores que compõem a "evidência" da norma heterossexual: a reprodução é um dos elementos organizadores dos gêneros e determina a importância dada ao sexo biológico. Assim, a maternidade está estreitamente ligada à construção do gênero "mulher", da representação social "mulher", do sexo biológico "mulher".

Esta construção faz parte da prática sexual - a heterossexualidade- a chave do poder disciplinar e da instituição hierarquizada do gender/sex/system na ordem do discurso normativo.

Faz-se amálgama do sexo biológico, do papel social e da sexualidade potencial, este amálgama tornando-se norma no quadro da "reprodução". Como quebrar o peso da norma e da evidência?

Interrogar as lacunas do discurso pode criar espaços para a multiplicação das representações sociais; Baczko comenta que "[...] imaginar uma contra-legitimidade, um poder fundado obre uma legitimidade outra que não a dominante e estabelecida, é um elemento essencial deste questionamento." ( Baczko 1984 : 33) Pois, para este autor, a dominação simbólica não significa acrescentar o ilusório ao poder "real", mas "[...] duplicar e reforçar uma dominação efetiva pela apropriação dos símbolos, pela conjugação de relações de sentido e de poder". (Idem : 18)

De Lauretis sublinha a importância das práticas socioculturais específicas do imaginário social, voltadas para a produção e re-produção das especificades de gênero mulher/homem, tais como o cinema, a literatura, a poesia, os mídia. ( de Lauretis, 1987 : 11) A utilização da categoria "gênero" e a naturalização da heterossexualidade delimitam a legitimidade de seus espaços discursivos; tudo que ultrapassa as margens é "desviante"e apresentado como tal. Desta zona de sombra desabrocha o que eu chamaria de "práticas patogênero", as querecebem o estígma da doença, da vergonha, da inversão da ordem "natural"do mundo.

Assim, a crítica realizada pela categoria gênero limita-se à construção social dos papéis, pois não questiona seus próprios fundamentos: a construção sexuado dos corpos, a compulsória heterossexualidade e a coerencia sexo biológico/gênero.

Seria necessário colocar a questão, na perspectiva de Foucault:

"como os indivíduos foram levados a exercer sobre eles mesmos e sobre os outros, uma hermenêutica do desejo cujo comportamento sexual foi sem dúvida ocasião, mas certamento não seu domínio exclusivo." (Foucault, 1984 : 11)

Em que matrizes de inteligibilidade, em que redes simbólicas e em que lógica de poder se insere a imposição do binário heterossexual?

Se o simbólico faz sentido, as instituições sociais de inculcação - a escola, a religião, a ciência, entre outros - não cessam de aprodundar um sentido no cadinho inesgotável da realidade. E se a funçãodos símbolos "[...] não é somente de instituir distinções mas também de introduizr valores e modelos de condutas individuais e coletivas[...]" (Baczko,1984:34) a crítica feminista pode desta forma encontrar um terreno fértil no imaginário social que as abriga e as impõe.

O "gênero", enquanto categoria de análise desvenda o leque de práticas sociais que instituem o feminino e o masculino: mas mantém ainda a parte substantiva que liga a construção cultural ao sexo biológico. Ora, esta démarche é a expressão de um imaginário social especula que "[...] consiste em crer que a imagem dá acesso a um real objetivável, enquanto que ela apenas encena o teatro do interior, materializando o desejo do sujeito [...]"(Dubois, 1985:30) e constrói assim as redes desentido que deveria romper.

Neste caso, a identificação perfeita do sexo ao gênero é igualmente um valor que erige a heterossexualidade em norma e disciplina como eixo de exercício do poder. Nesta perspectiva, Foucault indaga:

"[...] o sexoxo, que parece ser uma instância dotada de leis, coerções, à partir das quais se definem o sexo masculino e o sexo feminino, não seria ele, ao coantrário, produzido pelo dispositivo da sexualidade?" (Foucault, 1988 :259)


O heterogênero: uma noção a ser retida


No âmago do imaginário hegemônico ocidental, o lesbianismo aparece como um desvio.Mas o fato mesmo de sua possibilidade e de sua existência abre brechas no bloco monolítico da heterossexualidade, protegido ferozmente por mulheres e homens generizados, pois assegura seu lugar na partilha do mundo. Na ordem do discurso, ser "mulher"com toda a assimetria que implica esta denominação, ou "mulher negra", "mulher latina" ou "mulher imigrante"é considerado ainda melhor que ser lésbica.

Se a categoria "mulher"pode admitir a diversidade, é no domínio da prática sexual que se encontra o traço de união : a heterossexualidade. Acordo tácito, lugar assegurado na ordem do verdadeiro, pois ser lesbiana des-naturaliza o gênero, que pretende, enquanto categoria, des- naturalizar a natureza.

Para Butler, a construção do gênero é performativa e isto sugere a falta de um estatuto ontológico, isto é, é a prática do gênero, os gestos e os desejo dirigidos que define a ilusão de uma essência interior. Segundo esta autora, a identidade generizada constitui-se de maneira tenaz ao longo do temp por uma repetição estitlística dos atos e movimentos que produzem o efeito e a ilusão do gênero. ( Butler,1990:141) Existe aí um mecanismo de fetichização de uma certa relação e sua decodificação permite detectar esta construção no registro do simbólico, dos valores, das constelações de sentido que determinam a divisão binária do mundo.

O lesbianismo , nesta perspectiva, não é desvio ou marginalidade, é um locus de significação e sua identidade paródica - butch/femme- ilumina a construção social do sex/gender/ system, o que Butler denomina "ficção reguladora da coerência heterossexual". (Butler,1990:136)

Teresa de Lauretis sublinha esta característica do sex/gendr/system , mantenedora da oposição estrutural e rígida do sexo biológico em uma construção semiótica, socio-cultual e representacional. (de Lauretis, 1987 : 3) Mas em um projeto crítico de inversão de evidências, a questão que se impõe é : a noção do sexo biológico não é igualmente uma construção social? Se a construção do gênero social e do biológico humano repousa sobre um sistema simbólico ou de significações que atrela o sexo ao gênero segundo valores sociais variáveis e dinâmicos, a noção de heterossexismo é um instrumento de análise que vem quebrar o quadro circular da reprodução de papéis no âmbito da crítica destinada a tranformá-los. ( de Lauretis, 1987:5)

Isto significa que a construção da pessoa generizada permite sua classificação enquanto pessoa sexuada; o sexo biológico é assim erigido em eixo de definição do ser humano. É assim que se definem as identidades fixas pelo sexo biológico e pela prática sexual decorrente, segundo as normas estabelecidas socialmente.

Para Butler, (Butler,1990:6) quando a categoria " gênero "coloca o binário como seu fundamento, abre ao mesmo tempo os caminhos de sua desconstrução à crítica, pois se o gênero é construído, o sexo não o segue necessáriamente em uma correspondência perfeita, o que a etnologia não cessa de demonstrar. ( Mathieu, 1991, Strathern, 1998) Nas sociedades ocidentais as " drag-kings"ou os "drag-queens" mostram, por sua paródia do gênero, a ilusão da persona generizada, expondo assim a fragilidade do laço "inexorável"entre sexo biológico e gênero. Em sua performance, as/os "drags" revelam os mecanismos culturais de construção do gênero e elas/eles desvelam o múltiplo escondido sob a unidade aparente.

Em sua análise da construção dos corpos sexuados, Butler insiste sobre a naturalização do desejo heterossexual, cuja identificação à essência do sujeito generizado é

"[...] um efeito discursivo sobre a superfício dos corpos, uma ilusão de um gênero organizado do interiro, uma ilusão discursiva que regula a sexualidade no molde da heterossexualidade reprodutiva." ( Butler,1990:136)

É assim que o gênero constrói o sexo biológico: não em sua materialidade, é óbvio, mas em sua apreensão mediatizada pelas redes de sentido, pelas representações sociais que a definem enquanto diferença incontornável, ligada à

"[...] sistemas de pensamento mais amplos, ideológicos ou culturais, à um estado de conhecimentos científicos, assim comme à conditção social e à esfera de experiência privada e afetiva dos indivíduos." (Jodelet, 1994 :35)

Os discursos médicos, jurídicos, religiosos, educacionais, bem como os do senso comum são unânimes em afirmar que o sexo biológico é um dado da natureza , incontestavelmente. Mas, como sublinha Foucault,

"[...] deve-se dele falar não como algo condenável ou simplesmente tolerável, mas como alguma coisa a ser gerida, inserida em sistemas de utilidade, regulamentada pelo bem de todos, a funcionar segundo um optimum. O sexo, isto não se julga apenas, isto se administra. Faz parte do poder público [...]".(Foucault, 1976 : 34/35)

A crítica da heterossexualidade não é aceita de forma sistemática nos estudos feministas e a categoria "gênero"exprime, além da construção cultural dos papéis sociais, uma heteronormatividade intrínseca à sua formulação. Mas como sublinha Butler, "[...] quando a construção social do gênero é teorizada independentemente do sexo, o gênero torna-se un artifiíco flutuante[...]"(Butler, 1990:6) Assim, um corpo de mulher ou de homem pode indiferentemente significar o masculino ou o feminino.

O gênero produz o sexo na erotização das relações sociais polarizadas, introduzindo a signifcação do papel social, a prática de uma sexualidade "natural", cujo desejo é assujeitado às representações sociais do amor, da maternidade, do casamento. A monogamia, a durabilidade do amor, as faixas etárias apropriadas, os paradigmas que tornam os contornos físicos aceitáveis são representações sociais intituídas em leis implícitas que esculpem os corpos segundo os moldes mulheres/homens e isto de modo assimétrico, utilizando dois pesos e duas medidas . Estas representações projetam suas imagens na materialidade do social, em sistemas de significação do mundo, que comportam "[...] uma parte de re-construção, de interpretação do objeto e de expressão do sujeito"(Jodelet, 1994 : 37).

Butler sublinha que

" […] o gênero não está para a cultura como o sexo está para a natureza; o gênero é a significação cultural/discursiva pela qual a 'natureza sexuada'ou o 'sexo natural' é produzido e concebido como um elemento pré-discursivo, uma superfície neutra, sobre a qual a cultura pode trabalhar." (Butler,1990:7)

Entretanto as representações de gênero são constitutivas do universo discursivo das teorias feministas e permaneceriam ocultas se não fosse o esforço metodológico de desconstrução exigido pela perspectiva do eccentric subject . Isto explica talvez em parte o apagamento da sexualidade nos estudos de gênero, pois a representação social, modo de apreensão do mundo, modo de significação no mundo, (Jodelet, 1989 ) torna-se igualmente auto representação. Esta ausência faz com que, na atualidade , a sexualidade seja reivindicada enquanto objeto específico dos Estudos Lésbicos e Gay. (Weed and Schor 1997)

O desejo heterosexual retoma assim seu lugar em meio às práticas sexuais que compõem um social plurívoco, no momento em que se desvela enquanto norma cultural, e a imagem do "verdadeiro sexo" fica assim deslocada. Se a norma não mais é decisiva entre a "boa" e "má" sexualidade, esta pode finalmente retomar seu lugar na esfera da privacidade de cada pessoa.

A noção de heterogênero (Ingraham, 1996 : 169) foi assim proposta como categoria de análise a fim de apontar para a heterossexualidade implícita no "gênero" e explicitar o heterossexismo (de Lauretis, 1987 : 6) existente nos discursos feministas emitidos no quadro de um certo imaginário hegemônico (Baczko, 1984 ; Castoriadis,1982), mergulhado em representações binárias e heterossexuais que deveriam desfazer.

A denominação heterogênero ilumina o "natural , sublinha a "essência"que retorna em surdina nas análises utilizando a categoria "gênero", a fim de indicar a marca do social na formação do feminino e do masculino , não apenas em seus papéis, mas em seus corpos.

Se a questão de desvelar o processo de construção do sentido ligado ao sexo biológico e de observar como sua significação se instala nas redes de saber e de poder que tecem a trama do social, a historicidade da opressão das mulheres revela que a heterossexualidade compulsória foi e é ainda um dos eixos maiores de seu assujeitamento voluntário - ou não - no mundo dominado pelo masculino.

Com efeito, as práticas sociais são ordenadas pelos valores cuja codificação define as normas instituídas; os valores são, por sua vez , veiculados e inculcados pelas representações sociais que determinan os sentidos atribuídos aos atos, aos gestos, aos comportamentos, às imagens ligadas aos papéis sociais e aos corpos sexuados.

A atitude de crianças muito pequenas, estudada pela Psicologia Social mostra que nenhum domínio reflete melhor a dinâmica constitutiva das representações sociais que a constituição progressiva de categorias sexuais. ( Doise, 1994 : 352) É assim que valores ligados , por exemplo, aos atributos físicos - força, tamanho, beleza - à divisão do trabalho em casa, à contribuição monetária na família, à autoridade do pai, à doçura da mãe são constitutivas das representações que indicam às crianças seu pertencimento à um sexo determinado. Tornam-se assim "naturais" pois fazem parte do ser sexuado e de sua imagem no mundo.

Doise comenta,entretanto, que um menino pode ser misógino , mesmo se não foi assim educado em sua família, pois vive em uma sociedade que separa e categoriza os sexos de forma hierárquica. (idem) Da mesma maneira, a menina incorpora e é assujeitada pelas representações da "verdadeira mulher", da qual a maternidade e o desejo do casamento são partes constitutivas.

Enquanto saber socialmente elaborado e partilhado, as representações sociais contêm a memória discursiva e a tradição que fundam sua autoridade, atravessam a sociedade pela linguagem, discursos, palavras, imagens e textos.

As representações sociais são assim "[...] o produto e o processo de uma atividade de apropriação da realidade exterior ao pensamento e de elaboração psicológica e social desta realidade." (Jodelet, 1984:37)

Da escola aos meios de comunicação, as representações sociais hegemônicas mostram sua pregnância na produção imagética e textual: de Lauretis (de Lauretis,1987)enumera as tecnologias que difundem estas representações e contribuem à produção não somente do sexo, mas igualmente da "boa" sexualidade: o cinema, a literatura e acrescento, revistas em quadrinho, propaganda, televisão, novelas, manuais escolares, revistas "femininas" e/ ou "masculinas", jornais, canções, etc.

As imagens centrais ainda são em torno de família, da mãe dona-de-casa, do casamento, maternidade, do homem provedor, da busca incessante do amor, apesar das aparições de um contra-imaginário que sugere o múltiplo pela proliferação de formas de relação social/sexual.

Bety Friedan mostrava a imagem da mulher americana dos anos 60, ainda hoje atual, que tenta "[...] tirar partido de seus charmes para reter um homem, criar uma descendência, dar atenção e cuidados ao marido, crianças, ao lar." ( Friedan, 1964 : 32/33) E isto, comenta de Lauretis, " [...] contribui a fixar a sexualidade feminina [...] sobre o estreito leito de Procusto da reprodução onde a confina o patriarcado em nome da maternidade." ( de Lauretis,1990:124)

Daí o mêdo da perda da feminilidade, o mêdo do feminismo, o mêdo das feminisas face à crítica da heterossexualidade.




Uma identidade lesbiana?


Como negar o assujeitamento quando mesmo nas práticas ditas "desviantes" quando vemos instalar-se "casais"et sua divisão binária de papéis, tais butch/femme, a busca de uma família com filhos, a inserçaão nos quadros civis e jurídicos para os homossexuais? As paródias de gênero não são sempre subversivas e , de por um lado demonstram a não correspondência entre sexo e gênero, por outro assumem às vêzes os papéis culturais de gênero.

O "natural"do sexo biológico e a heterossexualidade que dái advém é invocado atualmente da mesma maneira que a "natureza"da mulher era o argumento principal de sua exclusão e de sua depreciação na esfera pública. É assim que Wittig afirmava já em 1980 que "[...] o que tomamos por causa não é senão a marca que o opressor impões sobre os oprimidos[...]"(Wittig, mai 1980 : 77)

Assim, quando se ilumina o heterossexismo, a mesma lógica faz aparecer a norma institucional do coito regular - pela obrigação do casamento ou pela autopersuasão - como meio de criação e de apropriação do grupo de "mulheres".

Adrienne Rich propunha , nos anos 80 , a análise da heterossexualidade enquanto instituição, como um sistema complexo de imposições, de leis, de controle, nas esferas do político, religioso ou jurídico. Os corpos das mulheres são assim delimitados, em seu desejo e práticas sexuais, através dos ritos de iniciação, dos tabus e dos interditos, que restringem sua mobilidade, suas tendências, a erotização de seus gestos fora da esfera do masculino. ( Rich,1981 :20/21)

Mas como sublinha esta autora, todas estas formas "[...] contribuem à rêde de limitações que culminam na convicção feminina de que o casamento e a orientação sexual para os homens são componentes inevitáveis de sua existência." (Rich,1981 :32)

O "continnum lésbico", mencionado por Rich compreende um vasto registro - tanto na história quanto na vida de cada mulher -de experiências implicando uma identificação às mulheres e não somente o fato que uma mulher tenha tido ou conscientemente desejado uma experiência sexual genital com outra mulher "( idem :23) O "continuum lésbico"seria assim a face oculta das redes que ligam as mulheres durant toda sua vida, mas que desaparecem sob o peso das representações de rivalidade e sobretudo devido a seu enclausuramento doméstico. A solidariedade e o erotismo entre as mulheres em quadros de poligamia não são sequer mencionadas, obscurecidas pela atenção dada à imagem do masculino e de sua dominação.

Os traços da existência das lesbians, das comunidades lesbianas, das Amazonas, foram apagados da história, enviados ao mito, ao domínio das impossibilidades. Com efeito, mulheres que dispensavam os homens em sua vida quotidiana, em sua vida amorosa e erótica, representam um problema maior na ordem do masculino pois elas desmistificam a prática da heterossexualidade obrigatória.

Wittig afirma que

"[...] esta tendência à universalidade tem como consequência que o pensamento straight não pode conceber uma cultura, uma sociedade onde a heterossexualidade não ordene não somente todas as relações humanas mas igualmente sua produção de conceitos enquanto todos estes processos escapam à consciência." (Wittig, février 1980 : 50)

Para Rich, as lesbianas criam uma significação: a recusa da dominação, a recusa das imposições masculinas no social . Mas em sua vulnerabilidade social elas são, antes de tudo, mulheres.

Volto aqui ao início desta reflexão: o que é uma lesbiana? Que prática fundamenta esta denominação? Pode-se marcar um locus de identidade a partir de uma utilização particular de seu corpo, este corpo mesmo que é delimitado, significado pelas representações que o construíram? Haraway sublinha mesmo que

"[...] os corpos enquanto objetos de conhecimento são nós gerativos materiais e semióticos[...] . Os objetos não existem antes de ser criados, são projetos de fronteira. O que contém de maneira provisória continua a ser gerativo, produtor de significações e de corpo." ( Haraway ; 1991 :343)

Com efeito, uma prática sexual não pode ser considerada como o fundamento de uma identidade, sobretudo no quadro de pensamento atual que vê na identidade um processo em construção.

O que é assim o desejo lésbico já que seu objeto, as mulheres, é também uma complexa rede de referências? Se prosseguirmos a inversão das evidências, como o "lesbianismo" poderia tornar homogêneo o leque de experiências eróticas que podem atravessar os corpos sexuados? Como classificar o desejo entre uma mulher "dyke"e um homem "gay"? É o corpo que definiria esta relação como heterossexual, mesmo se os papéis são invertidos? Que lugar se daria ao desejo atravessando estes corpos, que recusam as representações de fêmea/ macho?

A prática sexual, a sexualidade é aqui evidentemente dissociada da aparência, da persona generizada. O fundamento artificial e ritual da heterossexualidade aí aparece explicitado; nesta perspectiva, Haraway sublinha que os corpos abrigam processos contínuos de geração de sentido: "[...] não se nasce organismo", sublinha ela. (Haraway ; 1881:357)

Qual a especificidade do desejo lésbico si pensamos à pan-erotização do corpo como meio de fugir ao fechamento de uma sexualidade centrada sobre os aparelhos genitais? Não há um modelo da "verdadeira" lesbiana, mas há certamente corpos construídos segundo modelos, corpos definidos pelas significações que lhe são dadas: sob este ângulo, a simples inversão da aordem não faz senão acentuá-la em uma percepção imediata. O aspecto subversivo da parodia, da performance só é percebido após um trabalho de crítica e teorização de ponta.

Sob a denominação "lesbianismo" misturam-se referências múltiplas ligadas às representações sociais das mulheres: doçura, sensibilidade, emoção partilhada, sexualidade minimizada ou então uma relação butch/femme parodiando os papéis masculinos/femininos,atravessados de violência, vaseado sobre hierarquias.

O vocabulário e as práticas de engajamento reproduzem igualmente as normas heterossexuais: casal, família, sogro, sogra, casamento, fidelidade, ciúme, traição. Entretanto, em que medida a sexualidade é o verdadeiro laço entre estas mulheres e qual é a medida do desejo e da prática sexual que as une na coerência da palavra que deveria designá-las?

É lesbiana aquela que ama, dorme, se sente atraída, vive com outra mulher? Todas estas opções, ou uma dentre elas, pode definir uma lésbica? É preciso ter um amor exclusivo pelas mulheres? É preciso haver sexo genital para tornar-se uma? Estas simples questões desfazem a evidência da categoria e apagam os limites das definições esboçadas rapidamente.

A sexualidade faz parte constitutiva da representação DA MULHER: seja para privá-la

Pela força ou obrigação social ou para força-la na prostituição, no casamento incontornável ou na heterossexualidade obrigatória. As lesbianas estão mergulhadas neste imaginário que as constitui em torno da significação "mullher"; mas que importância pode ter a prática sexual genital para elas? Em que medida seu desejo se classifica nas representações do sexo, em um discurso de sexualidade que está longe de acompanhar os costumes?

Entretanto, em nível de linguagem a sexualidade é o que as nomeia pois no "dispositivo da sexualidade"o verdadeiro, a verdade se encontra no sexo. Mas esta palavra "lesbiana" pode designar um solo estável, um significante unívoco? Butler (Butler,1990 :25) sublinha que não há gênero além da expressão de gênero; da mesma forma, pode-se dizer que não há lesbianismo fora de sua expressão sexual, segundo práticas fragmentadas e disseminadas que contém a sexualidade entre mulheres? Quais são , finalmente, as matrizes de inteligibilidade que podem dar uma coerência ao lesbianismo cujas práticas elas mesmas são estilhaçadas em experiências múltiplas? Quais são as auto-representações das lésbicas, em que imaginário simbólico , em que redes de imagens significantes se inserem? (Dubois, 1985 : 18)

Nos anos 80, Wittig definiu a lesbiana fora das relações de gênero:

"[...] seria impróprio dizer que as lesbianas vivem, se associam, fazem amor com mulheres, pois 'mulher' não tem sentido senão nos sistemas de pensamento e nos sitemas econômicos heterossexuais. As lésbicas não são mulheres." (Wittig, février 1980 : 53)

Esta afirmação ocasionou debates acirrados: em primeiro lugar, apresenta uma sedutora posição fora do binário do gênero, posição de resitência e de recusa de um quadro de dominação omnipresente. Se neste caso a lesbiana aparece dotada de uma espécie de coerência abstrata que lhe concede uma natureza quase à parte, paradoxalmente se apoia sobre uma prática social cuja significação é eminentemente social.

Entretanto, Wittig precisa o que uma lésbica não é : 'lesbiana'é o único conceito que conheço que se encontra além das categorias do sexo (mulher e homem) porque o sujeito designado ( lesbiana) não é uma mulher, nem econômicamente, nem politicamente, nem ideologicamente. Pois, com efeito, o que faz uma mulher é uma relação social particular ao homem [...]"(Wittig, mai 1980 : 83) Mas afinal, o que é uma lesbiana?

No discurso de Wittig o lesbianismo seria um ponto epistemológico e material de resistência ao binário e seus efeitos de poder; mas a sexualidade, destinada a definir a palavra e a prática que designa aí está ausente. Seria poss'biel colocar a lésbica na posição eccentric em relação à sexualidade para delimitar outros contornos para os corpos sexuados? Qual seria a pertinência da denominação 'lesbianaa"? E quem diz lésbica, quer dizer feminista? Pouco provável, assim como quem diz feminista pode pretender uma derivação de sentido, sobretudo no senso comum.

No decorrer de sua análise, Butler indica que : "Quamdo Wittig explica que a lésbica, tendo em vista a oposição binária 'homem/mulher', subestima de fato que , colocar-se além desta oposição não é senão uma maneira de ainda estar ligada à esta oposição, o que ainda constitui uma relação binária. (Butler, 1987 : 113)Para escapar à esta armadilha, Butler considera que ser lesbiana deveria então tornar-se "[...] um fenômeno cultural múltiplo, um gênero sem nenhuma essência unívoca" (Butler, 1987 : 148/49).

Assim, argumento que o lesbianismo não pode constituir uma identidade, pois esta denominação representa apenas um amálgama de questões, um conjunto de práticas diluídas no desenraizamento das categorias "mulher" e "gênero". Reinvidicar uma identidade lesbiana seria fazer parte de um contra-imaginário domesticado e ver nisto uma coerência identitária tão ilusória quanto a coerência de gênero.

É preciso admitir, entretanto, que as intuições de Wittig aparecem na atual crítica à categoria "gênero"; é desta forma que a idéia de identidades múltiplas está implícita em sua afirmação sobre a constituição de sujeitos:

"[...] digamos que uma nova definição da pessoa e do sujeito para toda a humanidade não pode ser encontrada que além das categorias de sexo ( mulher e homem) e que novos sujeitos individuais exige primeiramente a destruição das categorias de sexo, o fim de sua utilização e a rejeição de todas as ciências que as utilizam como seus fundamentos ( praticamente todas as ciências humanas). (Wittig, mai 1980:83)

De Lauretis , ( de Lauretis, 1990 :127) por sua vez, considera indispensável para a teoria crítica feminista que seja adotada uma posição ultrapassando totalmente ou em parte o quadro da heterossexualidade e do gênero binário pois as constelações de sentido e de representações nas quais se inserem os discursos feministas ainda são conjugadas no masculino.

Ultrapassar um quadro categorial de pensamento não é possível senão no desvelamento das estruturas que ordenam a reflexão; o assujeitamento às representações sociais que constituem as condições de possibilidade de apreensão é imperativo mas não incontronável, como o demonstra a crítica da "natureza"e/ ou da categoria "gênero", a partir de diferentes posições de sujeito. Assim, o lugar de fala social da lesbiana não definiria uma identidade, mais marcaria um espaço crítico fora do imaginário hegemônico da heterossexualidade.

Buscar as evidências na circulação de "verdades" é finalmente uma tarefa com multiplas sendas. A existência do plural no espaço do desejo e da sexualidade alarga o territórrio discursivo que não pode ser ocupado senão pelo contra-imaginário e sua expansão em imagens, em textos e questões.

Àlguns problemas foram aqui colocados no que concerne o lesbianismo enquanto prática social: identificação, núcleo de coerência, imagem de si, inserção no mundo, definições. São de fato as mesmas questões que atravessam o feminismo quando se interroga sobre o sujeito e o objeto de sua elaboração teórica e política. E encontramo-nos no início de nossa reflexão: com efeito, o que é uma mulher, o que é uma lesbiana?

A necessidade de definir faz parte igualmente de um sistema de pensamento "falogocêntrico", funcionalista, "cada coisa em seu lugar, cada lugar sua função"na ordem da verdade, na univocidade do sentido, na ordem do Pai. Definir uma identidade não é senão criar seu próprio campo de exclusão: a "verdadeira lésbica", a "verdadeira mulher". Com que direito uma imagem se torna mais verdadeira que as outras? E o que elas representam? Que poder se esconde em seus mecanismos de produção e circulação.

Se tomarmos o simbólico como vetor de sentidos, torna-se claro que a divisão do poder é uma questão de afirmação, de legitimação, de autoridade, de exclusão, de ratualização de lutas em torno de símbolos, significações, que instauram e sustentam a prática social, tal como a binaridade do gênero. Esta é a importância do espaço simbólico, estreitamente ligado ao material, cuja separação é ilusória na medida em que o imaginário e o real não se separam senão em termos de dimensões de materialidade.

Em nossos dias, as questões identitárias tornam-se uma questão teórica maior e o trabalho de Rosi Braidoatti é disto um exemplo: sustenta que a subjetividade das "mulheres reais", construída social e simbolicamente é uma multiplicidade emm si. Dividida, fraturada, é constituída pela imbricação de vários níveis de experiência. .(Braidrotti, 1997 :44)

Nenhuma definição fixa, assim para as mulheres, mas um campo de estruturação girando em torno do corpo, do inconsciente e da experiência social. Para esta autora, renomear ou redefinir não é a solução para se chegar a um novo perfil de identidades sociais que demandam, com efeito, intervenções sociosimbólicas. (idem : 56)

Para Braidoatti, a subjetividade das mulheres e sua identidade se encontram no âmago de uma posição simbólica que não as fixa, mas reconhecd-lhes a diversidade de experiências. ( idem, 46). Não é, acrescenta,

"[...] uma nova versão da consciência cartesiana, mas uma entidade descontruída e múltipla em si [...] a identidade múltipla é relacional, no sentido em que pede um movimento na direção do "outro e é igualmente retrospectiva, composta de um conjunto de identificações imaginárias, de internalizações inconscientes de imagens que escapam à seu controle. "( idem:46)

Esta identidade, portanto[...] possui um agudo sentido de território, mas sobre o qual não existe possessividade [...] não é fluida e sem limites, mas muito atenta à não fixidez dos limites. É o intenso desejo de transgredir, de ultrapassar." (Braidotti,1994 :35/36)

Na fluidez de um desejo móvel, de uma identidade sempre em construção, a sexualidade ocupa um espaço de sombras chinesas: o ângulo da luz e o moviemnto modificam os contornos e o perfil . O lesbianismo e o feminismo se imbricam, pois não há mais representação de lesbiana, onde não mais existem representações de mulheres: não há desejo unívoco onde a identidade se desfaz.

Um novo sujeito do desejo não é senão o contra-imaginário que abre suas asas para tomar vôo: como mudar a realidade sem uma nova rede simbólica que traça por sua vez novas imagens de corpo? Com que direito a sexualidade e a heterossexualidade definem o sujeito do desejo? E que vontade de saber/poder torna o desejo o ponto nodal do discurso? Como destruir o labirinto que nos faz andar em círculos?

Feminismo e lesbianismo se encontram e se afastam ao longo de seu caminho discursivo e/ou político e se encontram hoje na perspectiva de novos horizontes , de entendimento ou desacordo, pouco importa. Colocar questões que empurrem o pensamento para seus últimos bastiões é uma estratégia que sacode os fundamentos mais profundos, o das evidências, das representações. Constatar a pluralidade conduz à estratégias diversificadas e as contradições teóricas que povoam o pensamento feminista ou lésbico representam sua maior riqueza.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

VALE A PENA CASAR????





Poucas instituições ditas “tradicionais” estão tão combalidas hoje quanto o casamento. Se o casamento estivesse na bolsa de valores certamente sua queda nos últimos anos teria gerado uma tremenda crise financeira, e com motivos, muitos motivos.
Mais de uma geração de filhos cresceu vendo seus pais que tinham casamentos tenebrosos, regados a traições, violência, alcoolismo, brigas intermináveis uma tortura que não chegava nunca ao fim, levando o sofrimento não só do casal, mas dos filhos a um patamar que muitas vezes abalava com a sanidade de família. Isso ajudou a formar a corrente de pensamento que temos hoje.
Meus leitores vão reparar que muitos dos meus textos são autobiográficos, este não é uma exceção.
Por conta da minha infância, adolescência e uma parte da fase adulta extremamente conturbadas e cheias de toda ordem de problemas familiares, eu tinha uma imagem absolutamente terrível do casamento. Muito embora no fundo eu sempre tivesse alimentado uma vontade grande de me casar e ser feliz meu lado racional rejeitava qualquer possibilidade mesmo que remota de entrar nessa “canoa furada”.
Esse conceito só mudou devido a dois fatos distintos, porém relacionados.
Num certo momento da minha vida eu entrei em contato com cerca de 5 casais, entre eles meu irmão e cunhada. Cada um destes casais tinha particularidades de idade, faixa social, profissões e pensamentos, na verdade cada um deles era bem distinto um do outro, quase um universo a parte. De forma que meu lado racional os categorizou e separou, dando início a um processo de observação, já que cada um me chamou atenção.
Outro ponto interessante e que deve ser explicado é a questão do temperamento. Cada casal tinha em um de seus pares um representante bem distinto do seu par. Em um, o homem era de temperamento forte e a mulher calma, no outro o contrário, em outro a esposa se achava uma enciclopédia, um baluarte do saber e se achava muito acima do marido, por outro lado seu marido era um homem muito seguro de si e muito culto também, mas nunca se preocupou provar seu conhecimento a esposa.
Eu sempre fui um observador do ser humano, porque sempre cri que a verdadeira sabedoria está não em se aprender com os próprios erros, mas em se aprender com os erros dos outros, e observando estes casais eu percebi que cada um a sua forma havia encontrado a felicidade e a paz conjugal. Desde os mais recém casados até nos mais muito experientes havia harmonia, filhos bem criados e uma jornada que no geral era agradável a todos. Cada casal tinha a sua forma de agir, mas eu consegui identificar um fator que era comum a todos e que anos depois eu aplicaria ao meu casamento. Algo muito simples, mas sem o qual eu creio ser impossível que algo tão complexo como o casamento de certo.
Ambos os cônjuges precisam estar completamente comprometidos com o propósito do casamento, igualmente comprometidos.
Mas a frente em outros post’s eu vou adentrar em que este comprometimento implica, demonstrando como ele funciona para cada parte do casal e no grau de confiança necessário para cada parte se comprometer e ainda assim confiar que outro também o fará, mas isso veremos depois.
O segundo ponto foi o início de minha vida espiritual.
Eu sempre achei que a parte espiritual do casamento terminava nos votos que se fazia diante de um sacerdote qualquer e que o matrimônio teria que ser vencido na “unha” com muita disposição e vontade, e que se caso a escolha tivesse sido mal feita bastava que o casal fizesse uma sociedade. Um dos dois entra com o pé e o outro com a bunda, resolvido o problema! E não haveria qualquer problema do ponto de vista religioso, afinal desde os tempos de Moisés a carta de divórcio já havia sido dada, e isso eu me lembrava, sem problemas então, certo? Bom, mais ou menos, mais ou menos.
A maioria das instituições cristãs vê o divórcio mais ou menos como algo reprovável, porém socialmente aceitável. Ou seja, algo que ninguém recomenda, porém entende em muitos casos e sabe que no nosso contexto social é algo mais do que comum.
Porém quando se estuda um pouco mais a palavra o que se percebe é o seguinte, Deus permitiu o divórcio, porém não o planejou para o homem. Devido ao duro coração do homem Deus permitiu que se desse carta de divórcio, naquele tempo em casos bem específicos, mas essa nunca foi a intenção de Deus.
Deus pensou o casamento como sendo a forma de 2 pessoas através de uma união física e espiritual se tornando uma que fosse plena. Homem e mulher tem características diferentes e complementares, a própria ciência afirma isso, e atribui tal fato a divisão de tarefas do homem dos primórdios. Dessa forma a mulher teria maior capacidade de organização, mais sensibilidade, maior capacidade de percepção a fatores externos e outras características que seriam compatíveis com seus papéis de mãe, protetora do lar, organizadora da casa e por aí vai. Já o homem teria melhor capacidade física, visão pontual mais acurada, maior resistência etc. características mais entrosadas com seu papel de caçador e provedor.
Deus pensou em um ser pleno que unisse de forma esplêndida as características marcantes de ambos e os tornasse preparados para viverem juntos resistindo ao mundo e caminhando em felicidade.
Só para esclarecer amigos, o termo felicidade jamais será empregado nos meus textos como ausência de lutas ok? Um casamento feliz não é um casamento onde nunca se briga, nunca aparece uma dificuldade nem nada disso, nós vivemos no mundo e no mundo nós temos atribulações, felicidade está em passar por tudo isso juntos e unidos em um mesmo propósito, sem se deixar ser esmagado pelas circunstâncias.
Ok já estabelecemos o casamento como sendo um desejo de Deus para nossas vidas, desta forma é desnecessário dizer que ele dispensa toda sorte de bênçãos sobre aqueles que buscam essa união correto? Prossigamos então.
Entrando num nível ainda mais pessoal. Casamento, como dia a dia, como convivência vale a pena? Eu só posso dizer que poucas coisas na vida valem tanto a pena.
Eu não consigo pensar em um aspecto negativo que tenha sido trazido a minha vida pelo meu casamento, nenhum sequer senhoras e senhores. E como vocês já estão começando a perceber pelos meus textos eu não sou exatamente um jovenzinho sonhador que suspira apaixonado e não vê os defeitos de sua amada. Defeitos há, e muitos como em todo mundo, o que faz a diferença é que as qualidades de minha esposa me cativam imensamente enquanto os defeitos não me incomodam tanto. É como uma equação de balanço patrimonial onde se troca ativos e passivos por qualidades e defeitos.
Ter uma parceira para a vida, uma conselheira, consoladora uma verdadeira auxiliadora é algo que eu agradeço a Deus todos os dias. Porque eu vejo um esforço diário e ser melhor, em trazer o melhor para mim e para nossa vida, da mesma forma que do outro lado eu faço o mesmo.
Hoje não entraremos nos elementos que fazem cada casamento ser um sucesso ou fracasso, até porque os que conseguiram ler até agora já estão provavelmente um pouco cansados, mas se tem uma coisa que aprendi com meus outros dois blogs é que tentar escrever pouco para mim é forçar minha natureza, amo escrever e por isso ainda estou a blogar.
Mande suas perguntas, as mesmas serão respondidas na forma de post e sua identidade sempre será preservada. Além da minha resposta você terá inúmeras outras nos comentários que lhe trarão luz sobre o seu problema.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

transtornos na adolescencia

TRANSTORNOS MENTAIS NA ADOLESCÊNCIA

A Adolescência é um período de intensas atividades e transformações na vida mental do indivíduo, o que, por si só, leva a diversas manifestações de comportamento que podem ser interpretadas por leigos como sendo doença. Assim sendo, muitas das manifestações ditas normais da adolescência podem se confundir com doenças mentais ou comportamentos inadequados.

Exemplo disso é o uso de drogas, que pode constituir-se em um caso de dependência, mas também pode constituir-se em um simples comportamento de experimentação da vida. Temos de ter o cuidado inicialmente de avaliar bem o comportamento de um adolescente, antes de se garantir a existência ou não de um transtorno mental. Para tanto é necessário se conhecer um pouco acerca do que chamamos de "adolescência normal".

Adolescência Normal

A adolescência é a fase da vida em que a pessoa se descobre como indivíduo separado dos pais. Isso gera um sentimento de curiosidade e euforia, porém também gera sentimentos de medo e inadequação. Um adolescente está descobrindo o que é ser adulto, mas não está plenamente pronto para exercer as atividades e assumir as responsabilidades de ser adulto. Assim sendo ele procura exemplos, de pessoas próximas ou não - ídolos artísticos ou esportivos, entre outros - para construir seu caráter e seu comportamento.

Também é visível a necessidade do adolescente de contrariar a vontade ou as idéias dos pais. Esse comportamento opositor aos pais acontece em decorrência da necessidade do adolescente de separar-se dos pais, ser diferente deles, para construir sua própria identidade como pessoa. Ao mesmo tempo, o adolescente pode não se ver capaz ainda de se separar desses pais, gerando então nele um sentimento de medo. De um lado a necessidade de separar-se dos pais para ser um indivíduo diferente e de outro lado a dificuldade de assumir a posição adulta (com suas responsabilidades e desejos) levam o adolescente a uma fase de intensa confusão de sentimentos, com uma constante mudança de opiniões e metas, e com um comportamento bastante impulsivo.

Embora haja grande quantidade de conhecimento existente hoje sobre esse assunto, é necessário alertar que muitos dos comportamentos atípicos manifestados pelos adolescentes podem apenas ser uma busca por sua identidade, e não uma doença mental específica.

Cabe também lembrar que muitas vezes os adolescentes necessitam de ajuda profissional nesse processo de "ser adulto", o qual, mesmo não se constituindo em doença mental, pode constituir-se em sofrimento para o adolescente, podendo ele beneficiar-se, e muito, de intervenções psicológicas.

Dentre os transtornos mais comuns vistos na adolescência, destacam-se os seguintes:

Transtornos do Humor

É o grupo onde se incluem as doenças depressivas, de certo modo comuns na adolescência, acompanhadas das mais diversas manifestações. Podem apresentar humor deprimido (tristeza) acentuado ou irritabilidade (que por si só pode ser manifestação normal da adolescência), perda de interesse ou prazer em suas atividades, perda ou ganho de peso, insônia ou excesso de sono e abuso de substâncias psicoativas (mais comumente álcool, porém até outras drogas). O tratamento desses transtornos envolve o uso de fármacos (antidepressivos), associados a psicoterapia.

Transtornos Alimentares

Onde se incluem a Bulimia (ataques de "comer" compulsivo seguidos, muitas vezes, do ato de vomitar) e Anorexia (diminuição intensa da ingesta de alimentos). A pessoa demonstra um "pavor" de engordar, tomando atitudes exageradas ou não necessárias para emagrecer, mantendo peso muito abaixo do esperado para ela. O tratamento desses transtornos envolve uma equipe multidisciplinar (psiquiatra, nutricionista), fármacos antidepressivos e psicoterapia, necessitando em alguns casos de intervenções na família.

Transtornos do Uso de Substâncias Psicoativas

O uso de drogas, como é conhecido, é um tipo de alteração de comportamento bastante visto na adolescência. A dependência de drogas, que é o transtorno mais grave desse grupo, manifesta-se pelo uso da substância associado a uma necessidade intensa de ter a droga, ausência de prazer nas atividades sem a droga e busca incessante da droga, muitas vezes envolvendo-se em situações ilegais ou de risco para se conseguir a mesma (roubo e tráfico). O tratamento envolve psicoterapia, educação familiar e alguns fármacos, por vezes necessitando internação hospitalar.

Transtornos de Conduta

Caracterizam-se por comportamentos repetitivos de contrariedade a normas e padrões sociais, conduta agressiva e desafiadora. Constitui-se em atitudes graves, sendo mais do que rebeldia adolescente e travessuras infantis normais. Essas pessoas envolvem-se em situações de ilegalidade e violações do direito de outras pessoas. Aparecem roubos, destruição de patrimônio alheio, brigas, crueldade e desobediência intensa como algumas das manifestações. O tratamento envolve basicamente psicoterapia, podendo-se utilizar alguns fármacos no controle da impulsividade desses pacientes. São transtornos de difícil manejo, e muitas vezes necessitam de intervenções familiares e sociais.

Transtornos de Ansiedade

Os transtornos de ansiedade incluem desde a ansiedade de separação e a fobia escolar, condições que ocorrem quase que exclusivamente na infância, até o transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, síndrome do pânico e fobias. Pessoas que vivem com um grau muito intenso de ansiedade podem chegar a ter prejuízos no seu funcionamento, por exemplo social, em decorrência dessa ansiedade. Além de causar importante sofrimento físico e psicológico, as conseqüências dos sintomas ansiosos costumam ser desmoralizantes e incapacitantes em mais de uma esfera, como por exemplo social, ocupacional, escolar e familiar. Os sintomas podem iniciar tanto na infância quanto na adolescência , e podem ser tanto primários, quanto secundários ou ocorrerem em comorbidade com outros sintomas psiquiátricos. O tratamento envolve basicamente psicoterapia, podendo-se recorrer a alguns fármacos como coadjuvantes.

Transtornos de Ansiedade

Pessoas que vivem com um grau muito intenso de ansiedade, chegando a ter prejuízos no seu funcionamento, por exemplo social, em decorrência dessa ansiedade. Pode aparecer na adolescência sob a forma de ansiedade de separação, geralmente dos pais, aparecendo em adolescentes que não conseguem manter atividades sem a presença dos mesmos. São extremamente tímidos, e muitas vezes, não conseguem obter prazer em quase nenhuma atividade fora de casa. O tratamento envolve basicamente psicoterapia, podendo-se recorrer a alguns fármacos como coadjuvantes.

Transtornos Psicóticos

Nessa fase da vida muitos transtornos psicóticos, por exemplo a esquizofrenia, iniciam suas manifestações. Esses transtornos são graves, muitas vezes necessitam internação hospitalar e são caracterizados por comportamentos e pensamentos muito bizarros e distorcidos frente a realidade. O tratamento baseia-se em tratamento medicamentoso com o uso de antipsicóticos e psicoterapia de apoio. São transtornos, em sua maioria, cronificantes, principalmente se não tratados.

Suicídio na Adolescência

Muitos transtornos da adolescência podem se manifestar com comportamento suicida. Tentativas ou ameaças de suicídio podem aparecer. Alguns comportamentos de exposição e risco (dirigir em alta velocidade ou embriagado, envolvimento em brigas ou em atividades de risco, entre outras) também podem ser sinais de comportamento suicida na adolescência, mesmo sem a manifestação explícita dessa intenção. O comportamento impulsivo do adolescente, acarreta um risco maior de tentativas de suicídio mesmo na ausência de sintomas depressivos ou uma clara ideação suicida, o que torna o adolescente muito mais vulnerável a este tipo de comportamento.

Cuidados a tomar na Avaliação Diagnóstica

São muitas as possibilidades de transtornos mentais nessa fase da vida, mas todas as situações devem ser muito bem avaliadas antes de se fechar um diagnóstico, principalmente na adolescência. Além das dificuldades pessoais dos adolescentes e de sua intensa modificação corporal e mental, o que por si só já pode gerar comportamentos e sentimentos de inadequação, suas atitudes podem ainda refletir problemáticas familiares. Assim sendo, sem uma devida avaliação do adolescente é, no mínimo imprudente, caracterizá-lo como tendo uma doença mental específica.

Colaboradoras
Dra. Alice Sibile Koch
Dra. Dayane Diomário da Rosa