sexta-feira, 20 de julho de 2012

Como identificar um psicopata

Como identificar um psicopata

Às vezes você pode pensar que uma pessoa é absolutamente louca enquanto conversa com ela, mas é realmente difícil distinguir pessoas simplesmente estranhas de psicopatas genuínos.

Pesquisadores da Universidade Cornell entrevistaram psicopatas criminosos e analisaram suas falas. Com isso, descobriram que existem certos padrões de fala que os psicopatas tendem a usar nas conversas.

De acordo com os pesquisadores, psicopatas tendem a mostrar falta de emoção e descrever seus crimes em termos de causa e efeito. Eles concentram sua atenção em necessidades básicas, como comida, bebida e dinheiro.

Essas coisas não são facilmente identificadas em uma conversa informal, não é mesmo? A não ser que alguém comece a descrever seus crimes para você.

Mas existem alguns outros maneirismos mais específicos na fala de um psicopata, como tiques verbais. O uso do pretérito pode ser um indicador de distanciamento psicológico, e os pesquisadores também descobriram que psicopatas usam mais o tempo presente do que outras pessoas. Psicopatas também interrompem mais suas falas com “hum” e “hums”.

Isso tudo é interessante, mas pode ser usado no mundo real, digamos, em um primeiro encontro? Não exatamente. Essas descobertas são mais propensas a serem usadas por policiais que tem acesso a softwares de análise de discurso – não são técnicas tão boas a ponto de detectar um assassino em um encontro em um bar.

Se uma pessoa não para de fazer “hum” e “hums” em um encontro, o que isso significa? Que ela é apenas uma pessoa normal nervosa! Usando esse critério, seria muito fácil diagnosticar incorretamente o pobre rapaz ou moça que só quer te convidar para sair, mas morre de medo que você diga não. [Jezebel]

Psicopatas são distraídos, não insensíveis, diz pesquisa


norman bates

Norman Bates, personagem do filme Psicose

Psicopatas sofrem de um déficit de atenção, e não de uma incapacidade de sentir emoções e por isso são interpretados como insensíveis e destemidos. Ao menos é esta a conclusão de um estudo realizado por Joseph Newman, psicólogo da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. Newman investigou as reações de prisioneiros com personalidades psicóticas quando sabiam que sentiriam dor.

Estudos anteriores apontavam que psicopatas poderiam não sentir dor, e estudos com imagens da atividade cerebral de pessoas com esse distúrbio mostram anormalidade na amídala, região cerebral responsável por processar o medo e outras emoções. De acordo com Newman, estas descobertas apóiam a percepção de que psicopatas são vazios emocionalmente: “As pessoas acham que eles são predadores insensíveis”, diz.

Para compreender o comportamento dos psicopatas, o psicólogo recrutou 125 prisioneiros condenados por crimes hediondos. Os participantes da pesquisa foram classificados em várias características típicas do comportamento psicótico, como o narcisismo, a impulsividade e a indiferença. Aproximadamente 20% dos prisioneiros tiveram pontuação suficiente nesta classificação para serem descritos como psicóticos – uma proporção comum para criminosos, mas bem acima da média de 1% na população geral.

Para realizar o teste, os pesquisadores ligaram os prisioneiros a um aparelho que mede a força do fechar de olhos – um indicativo do medo – e colocaram uma tela na frente dos participantes. Eles foram avisados que durante os testes uma letra piscaria na tela, e um choque elétrico poderia acontecer depois de uma letra vermelha, mas nunca após uma letra verde.

Os participantes foram instruídos a apertar botões para indicar se a letra mostrada era verde ou vermelha. Os indivíduos com características psicóticas piscaram, “vacilando” em resposta às letras vermelhas tanto quanto os outros participantes. Entretanto, quando deveriam indicar se as letras eram maiúsculas ou minúsculas, os psicóticos quase não piscaram ao ver as letras vermelhas, enquanto os outros continuavam com medo, antecipando o choque.

De acordo com Newman, a descoberta sugere que os indivíduos psicóticos sentem tanto medo e dor quanto qualquer pessoa, e apenas parecem insensíveis e destemidos pois têm dificuldade em prestar atenção no que é assustador. O pesquisador acredita que a hipótese possa ajudar no tratamento de psicopatas. Além disso, Newman acredita que as suas descobertas devem ajudar no reconhecimento de psicopatas como indivíduos mais humanos.

Newman está atualmente trabalhando com Donald Hands, diretor de psicologia do Departamento de Correções de Wisconson, para criar um programa de tratamento inédito. Ao lembrar os criminosos psicóticos sobre as consequências imediatas de suas ações, o tratamento deve ajudar na diminuição de recaídas ao crime. [New Scientist]


Todos os psicopatas são perigosos?


Por incrível que pareça, a resposta para isso é não. Segundo a professora de psicologia e comportamento social Jennifer Skeem, da Universidade da Califórnia (Irvine, EUA), nem todos os psicopatas apresentam comportamento violento ou se tornam criminosos.

Ela explica que a psicopatia é um transtorno de personalidade complicado e muito mal compreendido. Marcado por ousadia, coragem, crueldade, agressividade e impulsividade, muitas pessoas acham que psicopata equivale a serial killer, como o personagem fictício Norman Bates, por exemplo, ou o caso brasileiro famoso do Maníaco do Parque (que estuprou, torturou e matou pelo menos seis mulheres em São Paulo).

Mas isso não é verdade. Skeem estima que cerca de 1% a 3% da população em geral seja psicopata. Isso significa que uma em cada trinta pessoas pode ser diagnosticada como psicopata, e cinco milhões delas podem existir só no Brasil.

Cinco milhões de assassinos frios? Não. Muitos deles não só não demonstram comportamento violento, como nem sequer têm ficha criminal. Porém, isso também não significa que eles sejam uns amores.

Assassinos cruéis, nem sempre. Desagradáveis, o tempo todo

Skeem explica que nem todo psicopata nasce do jeito que é. Como todas as pessoas, a condição é moldada por uma interação complexa de fatores ambientais e genéticos. Ou seja, ter o “gene da psicopatia” não significa que o indivíduo vai ser um monstro sem controle – e bem que alguns criminosos iam adorar isso, pois significaria que eles “não tiveram escolha” ao cometer as infrações que os enviou à prisão.

“Não existe uma receita para transtorno de personalidade psicótica. Os fatores ambientais são tão importantes quanto os fatores genéticos. Porém, o comportamento antissocial misturado com um histórico de disciplina punitiva, abuso e negligência parece aplicar-se em muitos casos”, disse Skeem.

O que a psicóloga quis dizer é que uma pessoa com “genes psicóticos” que foi abusada na infância, por exemplo, tem mais chances de se tornar violenta e cometer crimes. Mas isso não é regra: psicopatia não é sinônimo de violência. Aliás, o inverso também é válido: não é preciso ser psicopata para ser criminoso, para assassinar, roubar, etc. A maioria dos presos não é psicopata (o índice de psicopatia entre os presos é de 20%, segundo a psiquiatra forense Hilda Morana, do Instituto de Medicina Social e de Criminologia do Estado de São Paulo).

No entanto, a psicopatia influencia, sim, as pessoas com a doença, caracterizada principalmente pela total ausência de compaixão, culpa e medo, além de exibirem normalmente inteligência acima da média e habilidade para manipular as pessoas à sua volta.

“Eles andam pela sociedade como predadores sociais, rachando famílias, se aproveitando de pessoas vulneráveis e deixando carteiras vazias por onde passam”, disse o psicólogo canadense Robert Hare, professor da Universidade da Colúmbia Britânica e um dos maiores especialistas no assunto, à revista Super Interessante.

Já Skeem acredita que não é sempre assim. Ou seja, ela afirma que nem todos os psicopatas são necessariamente destrutivos ou ameaçadores, mas que costumam, de fato, ser pessoas desagradáveis, por conta de seu egoísmo, insensibilidade e falta de culpa, que tornam relações pessoais e profissionais com eles insuportáveis.

“Você pode tentar trabalhar com o indivíduo, tentar levá-lo a uma terapia ou tratamento”, explica Skeem. “Mas se você não tem esse tipo de investimento na pessoa, é melhor manter distância”.

Geralmente, se a pessoa é da sua família, você não vai abandoná-la. Nesse caso, Skeem diz que jovens e adultos com grande pontuação em psicopatia podem reduzir o comportamento violento e criminoso após tratamento intensivo, como aconselhamento de saúde mental (terapia) e reabilitação do abuso de drogas, por exemplo. [MedicalXpress,Abril, PsicopatiaBrasil]

Cérebro de psicopatas tem diferenças estruturais e funcionais


Adivinha quem tem conectividade reduzida entre uma área do córtex pré-frontal e a amígdala? Os psicopatas.

Um estudo que fez imagens dos cérebros de presos mostra diferenças importantes entre aqueles que são diagnosticados como psicopatas e aqueles que não são. Na imagem acima, o córtex pré-frontal (PFC) está em vermelho, a amígdala em azul, e a via de substância branca que liga as duas estruturas (o fascículo uncinado) é mostrada em verde.

Os resultados podem ajudar a explicar o comportamento insensível, antissocial e impulsivo exibido por alguns psicopatas.

O estudo mostrou que os psicopatas têm conexões reduzidas entre o córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC), a parte do cérebro responsável por sentimentos como empatia e culpa, e a amígdala, que media o medo e a ansiedade.

Dois tipos de imagens cerebrais foram coletadas. Imagens de difusão tensor (DTI) mostraram redução da integridade estrutural das fibras de substância branca que ligam as duas áreas, enquanto que um segundo tipo de imagem que mapeia a atividade cerebral, uma imagem de ressonância magnética funcional (fMRI), mostrou menos atividade coordenada entre os vmPFC e a amígdala.

“Essas duas estruturas no cérebro, que regulam o comportamento social e a emoção, parecem não estar se comunicando como deveriam”, diz o pesquisador do estudo, Michael Koenigs.

O estudo comparou o cérebro de 20 presos com diagnóstico de psicopatia com os cérebros de 20 outros presos que cometeram crimes semelhantes, mas não foram diagnosticados com psicopatia.

A combinação de anormalidades estruturais e funcionais fornece evidências convincentes de que a disfunção observada neste circuito sócio-emocional é uma característica estável dos criminosos psicopatas.

Os cientistas acreditam que a pesquisa mostra que há uma anormalidade específica do cérebro associada com a psicopatia criminal. Sendo assim, o estudo pode lançar mais luz sobre a origem dessa disfunção, e estratégias para tratar o problema.[ScienceDaily]


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