segunda-feira, 24 de agosto de 2009

briga entre irmaõs








Briga entre irmãos

Daniela Calderaro

“Tudo com que eu vou brincar o meu irmão quer. Se pego um jogo ele também quer segurar, se mudo de brinquedo, ele esquece aquele que eu tinha deixado ele levar e vem pra ver o que eu tô fazendo”, conta a pequena Flávia de 10 anos, sobre seu irmão caçula, o Felipe, de apenas 4. A mãe, dona Marilu Barros Franco, revela que nas férias as brigas aumentam. Como ficam mais ociosos, às vezes acabam se desentendendo. “Para acalmar os ânimos eu converso com eles e, se a situação não melhorar, separo-os um pouco, dando atividades diferentes”, desabafa.
O que a mãe e o pai devem fazer quando os filhos brigam? Ignorar, fazer de conta que não estão vendo? Interferir, avisar que ambos passaram do limite? Tentar entender porque o conflito começou, e decidir quem está errado? O tema é complicado e sempre mexe com a segurança emocional de toda a família. Ainda mais nesta época, quando todos estão mais disponíveis, devido às férias.
Na verdade é normal que irmãos briguem de vez em quando, durante a infância. Porém, aqueles que se engajam entre tapas e pontapés frequentemente, sem ter uma forma de aprender a ceder, nem que seja de vez em quando, experimentarão no futuro problemas emocionais duradouros como ansiedade, depressão e auto-estima baixa. Isso independente da posição de vítima ou agente dos atritos.
Rita de Cássia é venderora e mãe de três meninos. Ela relata que nunca sabe que atitude tomar quando o filho mais velho se envolve em briga, tanto na escola quanto com os irmãos mais novos. “O problema é que o caçula também é temperamental, e nunca fica quieto. Assim, meu filho do meio acaba sofrendo mais”, lamenta.
Dona Helena é avó de Luiza, dois anos, e Murilo, 6. As crianças são primas mas estão sempre juntas. “Apesar de muito nova, a Luiza já sabe bater e impor suas vontades e o Murilo, como é mais velho, nem sempre dá o braço a torcer. Consigo resolver os conflitos com muita conversa e sempre falo a eles que o papai do céu vai ficar triste, e eles param na hora e voltam a brincar normalmente”, relata.

Não bata em quem bateu

Dra. Juliana faz um alerta aos pais: “Todas as vezes em que o pai bate, agride seu filho, a criança passa a assumir o papel de vítima, e ele de culpado. Por exemplo, os filhos estão brigando por causa de um canal de televisão. O pai vai até a sala irritado e acaba dando uns tapas nos dois. Geralmente eles, que antes estavam se comportando como inimigos, se aliam e confrontam esse pai. Neste caso, evitar bater é o mais correto. Primeiro ofereça a essas crianças a chance de resolver entre si qual programa assistirão. Depois, caso eles não consigam, vá com firmeza e desligue o aparelho. Assim nenhum deles ganha o jogo”, explica.
Também é imprescindível não usar agressões verbais, nem dizer que os filhos acabam com a paz, que são um terror, etc. “Pai e mãe devem ter sempre em mente: Se eu agir dessa forma vou resolver a situação ou prolongar o clima de conflito”?

Educar não é fácil, mas é possível
Brigas entre irmãos são muito mais comuns do que se possa imaginar. “Isso porque as crianças não nascem sabendo partilhar, dividir e muito menos disputar atenção”, revela. Porém, a psicóloga ensina que mesmo sendo comum, cabe aos pais decidirem quando a situação já passou do normal.
Neste ponto, quando os gritos e os ataques estiverem insuportáveis, o basta deve vir dos pais, sim. “E a melhor atitude é aquela que ensina e não a que pune, apenas. Por exemplo: As crianças estão brigando porque uma pegou o brinquedo da outra. E nenhuma delas quer ceder. Nem a dona do objeto quer emprestar nem a que pegou sem pedir quer entregar. Pai e mãe podem pedir aos dois que sentem um ao lado do outro e resolvam a questão. Caso contrário, esse brinquedo da disputa ficará guardado por um tempo a ser estabelecido. Assim, se o confronto persistir não hesite, guarde o brinquedo e peça que eles pensem nesse assunto”.

Só brigam dentro de casa
Quem é que nunca viu essa cena: As meninas são calmas e educadas na escola, porém, dentro de casa parecem duas malucas, vivem se pegando e se provocando sem parar... Dra. Juliana fala que essa situação é bastante colocada pelos pais em consultório. “Afinal porque meu filho é educado e sabe conviver em grupo na escola e no clube, mas em casa, vive em pé de guerra com os irmãos?” Para a psicóloga isso é bastante comum, por que as crianças acabam levando para casa todas as suas emoções. “É na família que vivenciamos nossas maiores emoções, que aprendemos a amar, que sentimos angústia, enfim. E também as crianças sabem que os amigos da escola, do condomínio, podem ficar de mal, perder a amizade, se mudarem, e irmãos não, sempre estarão ali, não há o medo da perda”, concluiu.

Lista de livros

A experiência de educar os filhos sempre foi partilhada em diversas publicações literárias. Confira alguns mais lidos:
• Como educar meu filho, autora Rosely Sayão- Publifolha
• Como não criar um filho perfeito, da escritora Libby Purves- Publifolha

Excesso de confusão pede mais rotina
Para a psicóloga Juliana Marrara, quando as crianças estão com muito tempo para arrumar confusão dentro de casa é sinal de que está faltando o que fazer, além de horários estipulados para as atividades diárias como almoço, café da tarde, ida ao clube, a casa da avó, banho, guardar brinquedos e dormir. “Quando a família mantém as regras de funcionalidade, até nas férias, isto é, se os filhos sabem que há regras a serem cumpridas, mesmo sem estar em período de aula, as brigas podem ser abreviadas”, avisa.
Juliana faz outro comentário bastante notável: “Toda criança precisa de limite. Assim, ela sabe até onde pode ir. E, com regras a serem cumpridas se tornam mais seguras e menos imaturas”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário